A taxa média de desemprego Brasil caiu para 13,2% em 2021. É uma leve melhora em relação à registrada no primeiro ano da pandemia, quando a Covid forçou o fechamento do comércio e levou à paralisação de fábricas. Ainda assim, a taxa do ano passado é a segunda maior da série histórica do IBGE, iniciada em 2012. No primeiro ano da pandemia, o índice foi de 13,8%.
O patamar pré-pandemia ainda não foi recuperado. O país fechou o ano com 13,9 milhões de pessoas na fila por um emprego, contingente que ficou estável frente ao ano anterior. Em 2019, a taxa anual de desemprego foi de 12%.
Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) e foram divulgados nesta quinta-feira pelo IBGE.
A coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE, Adriana Beringuy, destaca que houve crescimento do número de trabalhadores com o avanço da vacinação, mas ainda persiste um elevado contingente de pessoas em busca de ocupação:
— É um ano de recuperação para alguns indicadores, mas não é o ano de superação das perdas, até porque a pandemia não acabou, e seus impactos, ainda em curso, afetam diversas atividades econômicas e o rendimento do trabalhador. Há um processo de recuperação, mas ainda estamos distantes dos patamares de antes da pandemia — afirma a pesquisadora.
O avanço da ocupação no ano, porém, se deu principalmente em ocupações de baixo salário. O rendimento real (quando se desconta a inflação) chegou a R$ 2.587, uma retração de 7% frente ao ano de 2020. É o menor salário de toda a série histórica da pesquisa, iniciada em 2012, exceto em comparação com o ano de 2016 (quando ficou em R$ 2.570).
A massa de rendimento também caiu, registrando queda de 2,4% no período, ficando estimada em R$230,6 bilhões.
— Esse comportamento da massa de rendimento é explicado pela queda de rendimento médio real e pelo avanço do processo inflacionário. Embora a população ocupada tenha crescido, esse aumento não foi acompanhado pelo rendimento, ou seja, as pessoas que estão ocupadas no mercado de trabalho têm remunerações menores, em média — explica Adriana Beringuy.
Desemprego cai no quarto trimestre
No quarto trimestre de 2021, a taxa de desemprego ficou em 11,1% - uma melhora frente à taxa de 12,6% encerrada no terceiro trimestre. O resultado indica uma saída de 1,4 milhão de pessoas do contingente de desempregados.
O número de pessoas ocupadas cresceu 3,0% no quarto trimestre, o que representa um acréscimo de 2,8 milhões de pessoas no mercado de trabalho. Com o resultado, a pesquisa registrou um recorde de 95,7 milhões de pessoas ocupadas no mercado de trabalho no quarto trimestre de 2021.
— Dentro desse recorde de população ocupada, temos dois segmentos que contribuem para que isso ocorra, que é justamente o emprego sem carteira assinada e trabalhadores por conta própria (que atingiu recorde de 25,944 milhões).
Perspectivas
Apesar da trajetória de queda do desemprego, economistas destacam que a recuperação do mercado de trabalho tem ocorrido, principalmente, em vagas informais, de baixa qualidade e menor rendimento.
Isso porque, diante da melhora da pandemia de Covid-19 e da reabertura da economia, parte da população que estava em situação de desalento ou fora do mercado de trabalho passou a procurar emprego, o que amplia a oferta de mão de obra em meio à atividade ainda fraca.
O cenário de inflação elevada, juros altos e alto nível de endividamento das famílias e empresas tem minado a retomada de empregos de forma sustentada.