Com o avanço da vacinação e flexibilização das medidas sanitárias restritivas, os serviços avançaram 0,5% em agosto, na comparação com julho, segundo dados divulgados nesta quinta-feira pelo IBGE. É o quinto mês seguido de alta da atividade, levando o setor a alcançar o maior patamar desde 2015.
O resultado veio em linha com o esperado. Analistas consultados pela Reuters projetavam alta exatamente de 0,5% no mês. Apesar do resultado positivo - o setor está 4,6% acima de fevereiro do ano passado, anterior à pandemia - já há sinais de desaceleração.
Nos últimos quatro meses, os serviços cresceram ao ritmo de 1% ao mês ou mais. Ainda assim, a atividade - que foi a mais afetada na pandemia e a que mais demorou para se recuperar - teve desempenho melhor que indústria e comércio, que apresentaram queda em agosto.
Inflação e desemprego elevados são apontados como fatores que podem frear o setor, responsável por cerca de 70% do PIB brasileiro.
Restaurante e hotéis em alta
Das cinco atividades pesquisadas pelo IBGE, quatro apresentaram taxa positiva. Os serviços prestados às famílias avançaram 4,1% em agosto, principalmente devido ao avanço do segmento de alojamento e alimentação, que inclui hotéis e restaurantes.
Essa é a quinta taxa positiva desde abril. Mas o segmento ainda está abaixo no nível pré-pandemia.
Os serviços de informação e comunicação avançaram 1,2%, enquanto os serviços relacionados a transportes tiveram alta de 1,1%, após resultados negativos em julho.
Segundo o gerente da pesquisa, Rodrigo Lobo, o primeiro foi impulsionado pelos serviços de desenvolvimento e licenciamento de softwares, portais e provedores de conteúdo e ferramentas de buscas na internet, além de edição integrada e impressão de livro.
Já o segundo reflete o avanço do transporte aéreo de passageiros e operação de aeroportos, além da logística de cargas.
— O setor de serviços mantém sua trajetória de recuperação, sobretudo nos serviços considerados não presenciais, mas também nos presenciais, com o avanço da vacinação e o aumento da mobilidade das pessoas — diz Lobo.
Inflação e desemprego
Analistas avaliam que o avanço da vacinação contra a Covid-19, que possibilita a ampla reabertura da economia, tende a manter o setor de serviços em trajetória de recuperação. Mas economistas já acenderam o sinal de alerta quanto a incertezas que podem dificultar a atividade econômica.
Há quem calcule que a expansão do setor de serviços caia à metade em 2021, com possibilidade de estagnação da atividade no ano que vem.
Isso porque a disparada da inflação, que já chega a dois dígitos em 12 meses, pressiona o custo das empresas e diminui o poder de compra das famílias.
Em setembro, o Índice de Confiança de Serviços, (ICS) medido pela Fundação Getulio Vargas (FGV) caiu 3,4, para 102,3 pontos.
"O nível de confiança do setor de serviços continua acima do nível pré-pandemia, mas alguns fatores podem frear o ritmo de recuperação, como a recente queda da confiança do consumidor, lenta recuperação do mercado de trabalho, inflação e incertezas relacionadas ao controle da pandemia”, avaliou Rodolpho Tobler, economista do Ibre/FGV, em nota.