A inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou agosto com alta de 0,87%, ante um avanço de 0,96% em julho, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira, 9. O resultado é o maior para o mês desde 2000. O indicador acumula altas de 5,67% no ano e de 9,68% nos últimos 12 meses. Em agosto do ano passado, a variação mensal foi de 0,24%.
O resultado ficou acima das estimativas de analistas ouvidos pelo Projeções Broadcast, que esperavam alta entre 0,62% e 0,85%. Mais uma vez, o aumento foi puxado pelos preços dos combustíveis e de alimentos.
A inflação acumulada em 12 meses atingiu o maior patamar desde fevereiro de 2016, quando estava em 10,36%. O número também está bem acima do teto da meta perseguida pelo Banco Central para 2021, de 5,25%. Os analistas de instituições financeiras ouvidos pelo BC para a elaboração do Boletim Focus já projetam uma inflação de 7,58% no fim deste ano.
Em agosto, o grupo de transportes teve a maior alta de preços, de 1,46%, puxada pelos combustíveis. A gasolina subiu 2,80% e teve o maior impacto individual no IPCA do mês passado. Etanol (4,50%), gás veicular (2,06%) e óleo diesel (1,79%) também ficaram mais caros.
“O preço da gasolina é influenciado pelos reajustes aplicados nas refinarias de acordo com a política de preços da Petrobras. O dólar, os preços no mercado internacional e o encarecimento dos biocombustíveis são fatores que influenciam os custos, o que acaba sendo repassado ao consumidor final. No ano, a gasolina acumula alta de 31,09%, o etanol 40,75% e o diesel 28,02%”, disse o analista da pesquisa, André Filipe Guedes Almeida.
O aumento nos preços de automóveis usados (1,98%) e novos (1,79%) e das motocicletas (1,01%) também pesou no indicador. Os preços do transporte por aplicativo subiram 3,06% e do ônibus intermunicipal, 0,62%, em decorrência dos reajustes nas tarifas em Salvador e Belo Horizonte e Porto Alegre.
A segunda maior contribuição no IPCA de agosto foi do grupo alimentação e bebidas, que subiu 1,39% depois do avanço de 0,60% em julho. A alimentação no domicílio passou de alta 0,78% para 1,63%, principalmente por causa dos aumentos nos preços de batata-inglesa (19,91%), café moído (7,51%), frango em pedaços (4,47%), frutas (3,90%) e carnes (0,63%).
No grupo habitação, que teve alta de 0,68%, o resultado foi influenciado pela energia elétrica (1,10%), que desacelerou em relação ao mês anterior (7,88%). “O resultado é consequência dos reajustes tarifários em Vitória, Belém e em uma das concessionárias em São Paulo. Além disso, a bandeira tarifária vermelha patamar 2, que adiciona R$ 9,492 a cada 100 kWh consumidos, vigorou nos meses de julho e agosto”, explicou Almeida. Os preços do gás encanado (2,70%) e do gás de botijão (2,40%) também subiram.
O grupo saúde e cuidados pessoais foi o único que registrou queda em agosto, de 0,04%, devido à redução de 0,43% nos itens de higiene pessoal. Os planos de saúde recuaram 0,10%.