A equipe econômica tomou uma medida que deve aquecer o comércio a partir deste ano porque melhora o fluxo de caixa das empresas. O governo resolveu tirar a trava que existe quando um lojista tenta antecipar numa instituição financeira o dinheiro que ainda receberá das vendas que fez no cartão de crédito. Com a mudança, o comerciante poderá adiantar tudo o que já foi vendido na função crédito e não apenas parte disso, como ocorre atualmente.
Hoje, quando um lojista quer recursos, pede dinheiro ao banco ou à empresa dona da maquinha do cartão de crédito, entrega os recebíveis (comprovantes das vendas já feitas) como garantia e recebe os valores com desconto dos juros do tempo entre o repasse feito pela instituição e a data em que o dinheiro cairia na conta da empresa. No entanto, se precisar de recursos novamente, não pode fazer uma nova operação mesmo se tiver vendido muito mais. É que toda a agenda dos pagamentos dos clientes fica bloqueada até o empresário quitar o primeiro empréstimo. Ou seja, se já tem R$ 1.000 para receber e pegou um empréstimo de R$ 100, não pode adiantar os outros R$ 900. Só depois de acertar a primeira dívida.
A partir de 31 de janeiro, o lojista poderá usar os novos recebíveis para antecipar todo o dinheiro que já tem para receber. Isso dá um impulso para o comércio porque pode aumentar e muito o capital de giro das empresas.
- A medida visa a aumentar a eficiência e competição porque tira a trava que tem hoje e dá maior empoderamento ao lojista - falou o diretor de Regulação do Banco Central, Otavio Damaso, ressaltando que isso também dará mais poder às credenciadoras.
Isso porque as empresas donas das maquininhas poderão movimentar mais dinheiro do que já fazem atualmente. Além disso, o lojista ficará livre para buscar taxas melhores de juros para fazer os descontos desses recebíveis e pagar menos pela operação.
Damaso ressaltou que a medida tomada nessa quarta-feira pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) é apenas uma transição para aquilo que o Banco Central quer implementar a partir do ano que vem. A autarquia está na corrida não apenas para modernizar e estimular o mercado de recebíveis de cartão de crédito, mas para também mostrar ao brasileiro que aquela compra que faz a perder de vista "sem juros" não existe.
As taxas já estão embutidas no preço que o lojista coloca porque ele desconta os recebíveis para girar o capital. Quem é mais penalizado é o cliente que paga à vista sem nenhum desconto. Por isso, depois de estimular que o comércio faça a diferenciação de preços para quem paga na hora, o BC passou a incentivar a criação do financiamento feito pelo lojista e de linhas mais baratas pelos bancos. Como resultado disso, algumas instituições já criaram produtos que pagam ao empresário em até dois dias após à data da venda.
O BC ainda trabalha para criar uma plataforma nacional de liquidação de recebíveis. Com ela, todos os bancos e credenciadoras poderão ver quanto de dinheiro o lojista ainda tem para receber e antecipar os recursos. A ideia é promover competição entre as instituições financeiras para que elas ofertem taxas mais baratas aos comerciantes.
Octavio Damaso afirmou que a novidade demorará mais a ser colocada em prática do que o previsto anteriormente. A ideia do BC era implementar esse novo modelo logo no início do ano. Ele, entretanto, disse que o anúncio deve ser feito no primeiro semestre. Haverá ainda um prazo de 12 a 24 meses para que a plataforma funcione totalmente.
Na reunião desta quarta-feira do Conselho Monetário Nacional (CMN), eles também aprovaram a portabilidade desse tipo de crédito feito atualmente para outras instituições que oferecerem taxas mais atraentes aos lojistas.
- A medida vai na linha do futuro de mais segurança, mais crédito e melhor eficiência. Agora, é só uma transição. Neste momento, é só uma correção de problemas.