A menos de três meses das festas de fim de ano, empresários do comércio e do setor de serviços se preparam para iniciar as contratações que vão reforçar as operações no fim de 2022. A expectativa, no entanto, é menor do que a registrada no ano passado: segundo pesquisa da Confederação Nacional dos Dirigentes Logistas (CNDL), 94,7 mil vagas devem ser abertas nos próximos meses. A projeção representa 11 mil postos a menos que a estimativa do ano passado, quando 105.723 eram esperadas para o período.
Para a entidade, as perspectivas de contratação foram afetadas pela combinação de inflação e juros altos e aumento do endividamento das famílias.
Merula Borges, especialista em Finanças da CNDL, pondera que o processo eleitoral, historicamente, traz insegurança para as empresas:
— Os empresários esperam quem vai ocupar a cadeira da Presidência e como vai ser a configuração do Congresso para entender como estarão as finanças e a situação fiscal. Além disso, 87% das empresas não demitiram nos últimos meses, então podem ter um quadro que não justifique novas contratações.
A pesquisa ouviu 770 empresários de todos os portes dos setores de comércio varejista e serviços nos 26 estados e o Distrito Federal. Apenas 26% dos entrevistados pretendem aumentar, ou já aumentaram, o número de empregados para o fim de ano, enquanto 61,5% não têm novas contratações em vista.
Entregador ganha espaço
O levantamento mostrou que 55% do total de postos esperados serão temporários — 70% deles para até três meses. Além disso, das vagas com data para acabar, 16% não devem se converter em efetivas. A média de remuneração é de R$ 1.648 e as contratações devem acontecer principalmente em outubro (30%) e novembro (26%).
Borges, da CNDL, chama atenção para a informalidade. De acordo com a pesquisa, 49% das vagas serão sem carteira assinada. Outros 48% serão vagas formais.
Além de datas tradicionais, como Natal, as empresas estão de olho em oportunidades com a Copa do Mundo, em novembro, mês da Black Friday.
— A Copa pode impulsionar as vendas, o que cria a necessidade de novas vagas — diz Merula.
As funções mais demandadas são as de vendedor (29%), ajudante (24%), balconista (16%), cabeleireiro(a) (7%), manicure (7%) e entregador (6%). Esta última, sequer aparecia no levantamento de 2021, mas ganhou espaço com a digitalização.