O momento de incertezas vivido hoje por conta do novo coronavírus é um grande desafio para a gestão das pequenas empresas e até mesmo para sua sobrevivência. O cliente já não tem o mesmo comportamento. A chegada da pandemia trouxe insegurança e medo, além de deixá-lo mais sensível e mais atento.
Ninguém sabe ainda o que virá pela frente nem quanto tempo levaremos para superar este primeiro semestre. Para as pequenas empresas, porém, o momento é de preparação e atenção. É preciso criar alguns mecanismos de prevenção e minimizar os impactos na medida do possível.
Para os empreendedores, saber o que não fazer torna-se vital e alguns erros podem ser fatais para o negócio, como por exemplo, subir muito o preço de certos produtos e serviços, já que a procura é alta. As pessoas acabam ficando reféns da escassez de certos produtos e muitas empresas usam isso para vender mais caro. O problema é que esse “mais caro” se torna abusivo.
Esta é uma situação comum em crises como a que vivemos agora. Os consumidores podem até pagar mais caro, porém, a marca pode ter sua imagem prejudicada lá na frente, por ter tomado uma atitude negativa e se aproveitado da fragilidade do cliente.
Um fator essencial é prestar atenção no atendimento. Algumas empresas têm deixado de lado o relacionamento com o cliente, demoram para dar retorno ou simplesmente não respondem nos canais de interação disponibilizados. Tanto quanto vender, o momento é de estar perto do cliente e manter a comunicação efetiva e rápida. O cliente vai valorizar quem der atenção e souber atendê-lo da melhor forma possível, principalmente na crise.
Não venda sem ter como entregar. Como a demanda é alta, o empreendedor acaba prometendo algo que não pode fazer na esperança de garantir o faturamento. O cliente compra uma promessa de entrega e espera que essa promessa seja cumprida. É importante ainda ficar atento aos prazos.
Se necessário, converse com o cliente e explique que precisa de um tempo maior para entregar o produto ou realizar o serviço. Mesmo na pandemia, comprar continua sendo uma experiência e, quanto mais positiva for essa experiência para o cliente, mais a empresa reforça o seu posicionamento.
Outro erro comum é tentar vender a todo custo o tempo todo e não ajudar seus clientes a resolverem problemas, mesmo que não estejam diretamente ligados ao seu negócio, assim como esquecer da comunidade ao seu redor. Sabe-se que o principal objetivo de uma empresa é vender e satisfazer seus clientes. Para alguns negócios, determinadas ações podem até gerar receita durante a quarentena, e outras não.
Se não der para vender (e isso vai depender de uma série de fatores), pense em formas de se comunicar com o cliente. Não é o momento de desaparecer, mas de marcar presença e criar maneiras de acolher o cliente nesta situação. Quem escolhe como quer ser lembrado depois que tudo isso passar é o empresário.
Manter o negócio ativo será uma luta diária, mas praticar a solidariedade também ajudará as empresas a passarem pela crise. Pensar em parcerias, em iniciativas comuns, no compartilhamento de informações relevantes e necessárias pode ser uma boa alternativa. As boas empresas se revelam nas crises.
Não demita sem ter planejamento para depois do coronavírus. A quarentena vai passar e é importante ter um plano de ação para a retomada. Verifique que recursos físicos e humanos serão necessários para retornar. Pense em possíveis cenários e construa possibilidades para cada um deles. Pesquise o mercado, sonde o comportamento do cliente, busque tendências, crie alternativas de produtos, serviços e canais de vendas.
Procure ainda ser flexível com fornecedores e clientes. Ser intransigente quebrará suas relações mercadológicas e prejudicará a operação do negócio, que também deve ser repensada. É hora de fortalecer a sua rede e usar a criatividade para agir. Procure fazer projeções de recebimento. Muitos clientes buscarão prorrogação ou condições de pagamento mais maleáveis.
A demora nas decisões pode ser outro erro fatal. Por serem pequenas, a maioria das empresas consegue decidir com mais rapidez do que as grandes, são mais velozes para se adequar às circunstâncias e possuem mais flexibilidade para mudanças, o que propicia ainda a capacidade de inovar para se manterem vivas.
Além disso, empresas pequenas levam vantagem por estarem mais próximas do cliente. Num momento em que o isolamento social é a palavra de ordem, relacionar-se, mesmo à distância, pode fortalecer a marca, identificar novas necessidades de mercado e ajudar o cliente de uma maneira que nenhum negócio conseguiria se não fosse pela crise.
Não é o momento de relaxar. Os danos serão reais e inevitáveis. Assim, desviar-se dos erros acima vai contar tanto quanto os acertos. É importante ser rápido agora, mas ter um plano de ação para a retomada depois. E lembre-se de que nada será mais caro do que não fazer nada.