A decisão sobre o horário de verão deve sair até o fim do mês de setembro. Essa é a expectativa dos empresários que pressionam o governo pela volta da medida. Eles explicam que a ideia é antecipar os relógios a partir de outubro ou novembro, o que exigiria alguns dias de preparação, e falam que a resistência à proposta tem diminuído.
A proposta de empresários do setor de turismo, alimentação e bebidas é que o horário de verão comece em 15 de outubro ou 1º de novembro e siga até o fim do verão, em março de 2022. A medida é solicitada desde junho, obteve apoio do comércio no início do mês e ganhou força nesta semana, depois que o MME (Ministério de Minas e Energia) pediu ao ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) um novo estudo sobre o assunto.
O horário de verão foi extinto pelo presidente Jair Bolsonaro em 2019, quando o governo avaliou que a medida não contribuía com a redução do consumo de energia. Porém, voltou à tona devido ao agravamento da crise hídrica. Bolsonaro já disse que as reservas hídricas do país estão “no limite do limite” e o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, disse que não há previsão de quando a situação irá se normalizar.
Com o risco de apagão, algumas entidades do setor elétrico também passaram a defender a volta do horário de verão nesta semana. O ICS (Instituto Clima e Sociedade) calcula que a medida pode reduzir de 2% a 3% o consumo de eletricidade nos horários de pico. Empresários do setor de turismo, alimentação e bebidas também projetam um aumento do faturamento desses segmentos, que ainda sofrem os efeitos da pandemia de covid-19.
A Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes) disse que o faturamento dos bares e restaurantes pode dobrar no período de 18h às 21h, porque o alongamento do dia costuma levar mais pessoas aos happy hours. Já a CNTur (Confederação Nacional do Turismo) espera um aumento de 30% do movimento.
As entidades dizem que esses argumentos têm reduzido a resistência à volta do horário de verão entre os aliados do governo. O empresário Luciano Hang, dono da rede de lojas Havan e aliado de Bolsonaro, é um dos que apoia a volta do horário de verão e falou com o presidente sobre o assunto. Bolsonaro acabou com o horário de verão em outro contexto, em que não havia crise hídrica. Para os empresários, é possível que haja um recuo dessa decisão agora que o contexto é diferente.
“O presidente é difícil de voltar atrás, mas ultimamente está revendo alguns posicionamentos. Acredito que agora não será diferente. Outras pessoas também eram contra e agora viram que era uma boa ideia”, afirmou o diretor da CNTur, Fabio Agayo.
“Uma economia de 2% a 3% é muito para um país que está com medo que falte energia. Agora, qualquer economia vale. O pedido do governo de que o ONS faça uma nova avaliação sinaliza boa vontade com o assunto”, disse o presidente da Abrasel, Paulo Solmucci.
A CNTur estuda fazer uma campanha nas redes sociais para explicar os impactos do horário de verão à sociedade. “Acordar cedo vai ser o menor dos problemas agora. É um sacrifício que temos que fazer”, disse Agayo.