A conta de luz deve ficar cerca de 8% mais cara em setembro, segundo cálculos de analistas, levando em conta a elevação do valor da bandeira tarifária vermelha 2, que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) deve reajustar entre 50% e 58%.
Daniel Xavier, economista sênior do banco ABC Brasil, já projetava um reajuste parcial da bandeira tarifária, com possibilidade de passagem de R$ 9,49 para R$ 11,50 a partir de setembro. Com o valor podendo chegar a R$ 15, a projeção para a inflação deste ano passa de 7,1% para 7,4%.
— Em média, (deve haver) um aumento de 7,8% na conta de luz em setembro com esse novo valor da bandeira vermelha 2.
Marco Caruso, economista-chefe do Banco Original, prevê o mesmo impacto. É uma espécie de “racionamento via preço”, avalia:
— É um jeito de usar as forças do mercado para fazer reduzir a demanda por energia. É difícil pensar que o preço da energia vai aliviar nos próximos meses. Você acaba reduzindo a renda real das famílias, que já está impactada pela inflação alta. É uma pressão ainda mais forte e uma redução do poder de compra no momento de uma retomada mais pujante de consumo.
Tatiana Nogueira, economista da XP, projeta que o impacto do reajuste da bandeira vai deixar a conta de luz 7% mais alta em setembro.
— Até maio do ano que vem, o consumidor deve ficar pagando bem caro pela energia elétrica. Se fôssemos escolher um item da cesta de consumo, a energia é, disparado, a vilã da inflação este ano.
Na avaliação da economista, o reajuste da bandeira também tem reflexos sobre a projeção para a inflação deste ano, que deve fechar perto de 8%, bem distante do teto da meta estabelecida pelo Banco Central, de de 5,25%:
— Esse reajuste da bandeira pode fazer com que a projeção do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo, medido pelo IBGE) suba no ano. Hoje projetamos 7,3%, mas esse número facilmente vai ser maior e deve fechar entre 7,5% e 7,7%, aproximadamente.
Outras duas casas também estão revendo suas projeções para a inflação em razão da crise hídrica. A divulgação do IPCA-15 de agosto, que chegou a 0,89% no mês, e o reajuste a ser concedido pela Aneel fizeram a Ativa Investimentos rever a projeção da inflação deste ano de 7% para 7,5%.