As opções e a arrecadação do Simples Nacional voltaram a reagir para o período de janeiro a setembro. Nos nove meses do ano, a receita avançou 10% acima da inflação (em termos reais), para R$ 60,3 bilhões.
Em igual período do ano passado, o recolhimento do Simples havia registrado uma diminuição real de 4,7%, para R$ 53,6 bilhões. Já o número de optantes teve um incremento de 1 milhão de empresas até setembro, alcançando um total de 12.427.536 negócios. Nos nove meses de 2016, o Simples havia incorporado uma quantidade menor de empresas, cerca de 729 mil, mostram dados do Ministério da Fazenda.
Na avaliação de especialistas, o aumento do ritmo de opções e da arrecadação reflete uma recuperação gradual da atividade econômica e do empreendedorismo impulsionado pela necessidade.
"Está ocorrendo uma pequena retomada econômica e já se observa alguns empreendedores voltando a ter resultados mais positivos", diz o professor de administração da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (Fecap), Artur Motta.
"No entanto, por conta da elevada massa de desempregados e do cenário lento de recuperação da atividade, a expansão do empreendedorismo ainda está sendo impulsionada mais pela necessidade do que pela oportunidade", complementa Motta, lembrando que até o ano de 2014 o crescimento dos pequenos negócios estava mais relacionado com as novas oportunidades que estavam surgindo no mercado.
O economista Fernando Aquino, do Conselho Federal de Economia (Cofecon), também avalia que o País passa por um processo vagaroso de retomada da atividade empreendedora, que tende a melhorar a partir do próximo ano, com os efeitos mais evidentes do ciclo de queda da taxa básica de juros (Selic), somados ao ambiente de baixa inflação. "Com juros menores, o custo dos investimentos ficará mais barato e acessível para os empreendedores, proporcionando que eles possam crescer mais a frente e até sair do Simples nos próximos anos", comenta Aquino do Cofecon.
Dados financeiros
Ontem, o Sebrae nacional e o Banco Central (BC) divulgaram novos indicadores referentes aos micro e pequenos negócios no Brasil. De acordo com o relatório, o número de micro empresas tomadoras de crédito passou de 1,1 milhão no início de 2012 para mais de 2,8 milhões em agosto de 2017. "O rápido crescimento impressiona não só pela taxa, de quase 240%, mas também pelo fato de ocorrer na contramão da tendência geral do mercado", destacou o documento.
Já o número de Empresas de Pequeno Porte (EPP) recuou em agosto de 2017, com relação ao pico de 2013 (1,8 milhões), para 1,5 milhão.
A divulgação mostrou também que o saldo da inadimplência vem caindo nos últimos meses para todos os portes de empresa, apesar de permanecer elevado. O montante devedor das EPP alcançou R$ 15 bilhões em agosto de 2017 (volume observado antes da recessão), contra o nível recorde de cerca de R$ 17 bilhões observados em janeiro deste ano, por exemplo. Já as microempresas têm mostrado um quadro mais estável, com volume de créditos não pagos em torno de R$ 5 bilhões.
Outros dados mostram que a taxa de juros média de operações pré-fixadas pouco se alterou, mesmo com as grandes oscilações na Selic nos últimos três. As taxas permaneceram em torno de 10% ao ano para as grandes, ao passo que as microempresas pagam mais de 30%, enquanto os negócios de pequeno porte, mais de 40%. Por fim, os juros para os Microempreendedores Individuais (MEI) são maiores, em torno de 70%, diz a pesquisa.
Empréstimos
Os indicadores evidenciaram que as micro e pequenas, apesar de representarem 98% do universo de empresas no Brasil e mais da metade do emprego, recebem pouco mais de 14% de todo o crédito do Sistema Financeiro Nacional (SFN).
As grandes companhias concentram 57% de todo o crédito do SFN, ao passo que as médias participam em 28,5%, as pequenas, em 9,9%, enquanto as micro possuem uma parcela de apenas 4,3%.
Foi identificado pelo levantamento ainda que apenas 19% dos microempreendedores individuais têm relacionamento com os bancos como pessoa jurídica.