A flexibilização das medidas de distanciamento social tem feito com que as empresas comecem a esboçar alguma recuperação do nível de atividade, com retomada do movimento e das vendas. Dados da Pesquisa Pulso, divulgada pelo IBGE nesta quarta, mostra que 62% das empresas já apontam que o impacto da pandemia é pequeno, inexistente ou positivo nos negócios na segunda semana de julho.
Semanalmente, essa taxa vem reduzindo. Na segunda quinzena de junho, a incidência de efeitos negativos era percebida por 62,4% das empresas; na primeira quinzena de julho, por 44,8%; e agora, na segunda quinzena de julho, por 37,5%.
— Isso já era esperado, pois, a medida em que aumenta o processo de flexibilização, as empresas passam a ter maiores receitas — explica Flávio Magheli, coordenador de Pesquisas Conjunturais em Empresas do IBGE.
Apesar da melhora, 37% das 3 milhões de empresas do segmento ainda sentem reflexos negativos, com destaque para serviços prestados às famílias e os serviços profissionais, administrativos e complementares.
— A percepção é que há uma transição de incidência de efeitos negativos para pequenos e inexistência, mas não dá pra apontar para uma grande melhora — ressalta Magheli — A leitura é de retomada gradual.
Segundo a pesquisa, o setor de serviços continua sendo o mais impactado negativamente, enquanto o da construção tem o maior percentual de efeitos pequenos ou inexistentes. Este último tem sido beneficiado pelas medidas de auxílio emergencial, lançada pelo governo.
As regiões Sudeste e Sul são aquelas com a maior incidência de efeitos pequenos ou inexistentes na quinzena, segundo pesquisa do IBGE. O Norte, por sua vez, já vive um outro estágio, com uma percepção maior de melhora. A região concentra a maior incidência de empresas que perceberam impactos positivos 41,1%.
Economistas afirmam que a tendência é a diminuição gradual dos impactos da pandemia nos próximos meses, com uma maior confiança do consumidor e consolidação da flexibilização dos protocolos em diversas regiões.
Um dos obstáculos, no entanto, pode ser a a dificuldade na fabricação de produtos ou acesso a fornecedores. O percentual de empresas que voltaram a sinalizar dificuldades foi de 45,3%, maior que na quinzena anterior, quando foi de 38,6%.
— É algo heterogêneo, atinge mais as pequenas e quem depende de fornecedores, como comércio varejista e indústria — lembra Alessandro Pinheiro, coordenador do IBGE.
Indicadores de fluxo nas ruas mostram que o patamar de movimento segue abaixo do período pré-pandemia. Dados do Google indicam que o fluxo em lojas de varejo e lazer ainda está 14% abaixo do pré-pandemia, assim como o movimento em parques (-11%), transporte público (-22%) e locais de trabalho (-10%).
No início de junho, a pesquisa mostrou que durante a pandemia de Covid-19, o país perdeu 716 mil empresas.
Segundo o levantamento, os efeitos da pandemia atingiram todos os setores da economia, mas foram mais intensos nos principais segmentos geradores de emprego no país: serviços e pequenas empresas. Entre as firmas que não voltarão a abrir as portas, 99,8% eram de pequeno porte.