Com o recrudescimento da pandemia, o fim do auxílio emergencial e a alta do preços nos alimentos, as vendas no varejo registraram queda de 0,2% de dezembro para janeiro, segundo a Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), divulgada nesta sexta-feira pelo IBGE.
O índice veio ligeiramente abaixo da expectativa dos especialistas ouvidos pela Reuters, que previam -0,3%.
O setor estava reagindo lentamente após a queda forte em abril — quando o comércio fechou —, a ponto de conseguir fechar 2020 em alta de 1,2%. Mas o fim do auxílio, a inflação e a segunda onda corroeram o poder de compra das famílias no fim do ano. Com isso, as vendas perderam fôlego e, em dezembro, chegaram a cair 6,2% na comparação com novembro.
O IBGE considera o resultado de hoje como estabilidade frente a dezembro. Segundo o gerente da pesquisa, Cristiano Santos, a variação é resultado da mesma pressão obervada em dezembro.
— Podemos notar a influência desses fatores na receita das empresas. A Covid-19 fez com que atividades importantes, como tecido e hipermercados, fossem impactadas, levando os indicadores à estabilidade em novembro, uma queda em dezembro, e, agora, outra estabilidade em janeiro — diz Santos.
Na divulgação de hoje, das oito atividades investigadas, quatro tiveram taxas negativas. Entre elas, hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo. O setor que pesa 47,9% na composição da PMC recuou 1,6%.
Outras quedas vieram de livros, jornais, revistas e papelaria (-26,5%), tecidos, vestuário e calçados (-8,2%) e móveis e eletrodomésticos (-5,9%). Já combustíveis e lubrificantes (-0,1%) ficaram estáveis.
Dos setores que pesaram positivamente no índice, estão outros artigos de uso pessoal e doméstico (8,3%), artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (2,6%) e equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (2,2%).
Com o resultado de hoje, o índice acumula 1,0% em 12 meses.
A expectativa de especialistas é que, com o rescudescimento da pandemia e sem novas medidas de socorro emergencial do governo, fevereiro e março manterão o ritmo de janeiro no comércio.
Já o comércio varejista ampliado, que inclui as atividades de veículos, motos, partes e peças e de material de construção, o volume de vendas em janeiro foi de -2,1%. A pressão maior veio de Veículos, motos, partes e peças, que registrou -3,6%.
Santos destaca que o comércio varejista teve variações negativas em 23 das 27 unidades da federação em janeiro, sendo o menor resultado no Amazonas. Com o agravamento da pandemia e caos na saúde, as vendas caíram 29,7%, mais que o triplo de outros estados, na comparação com dezembro de 2020.