A taxa de desemprego no Brasil chegou a 14,7% no trimestre encerrado em abril e manteve o recorde de maior nível da série histórica iniciada em 2012, atingido em março deste ano. É o que mostram os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad Contínua) do IBGE, divulgada nesta quarta-feira.
Além disso, o número de desempregados alcançou 14,8 milhões - é o maior patamar já registrado. Foram mais 489 mil brasileiros na fila por uma vaga de trabalho em relação ao trimestre encerrado em janeiro, que serve como base de comparação.
O número de desalentados, ou seja, trabalhadores que nem sequer buscavam uma vaga por não acreditarem ou estarem impossibilitados de procurar emprego, também permanece no maior nível da série, somando 6 milhões.
Embora muitos números apresentem estabilidade, a Pnad mostra que a precariedade do mercado de trabalho se agrava. Um dos indicadores que apresentou crescimento foi o da população subocupada, aquela que reúne pessoas que gostariam de trabalhar mais do que trabalham. Fazem bicos ou traballham com jornada reduzida, por exemplo.
Elas somaram 33,3 milhões em abril, alta de 2,7% ante o trimestre anterior. É quase 1 milhão de brasileiros que engrossou esse grupo em apenas três meses. Isso significa que faltou trabalho para esses 33,3 milhões de pessoas.
Adriana Beringuy, analista da pesquisa, explica que o nível de ocupação permanece abaixo de 50%, o que indica que menos da metade da população em idade para trabalhar está ocupada no país.
— Há crescimento da desocupação, e a ocupação não responde da mesma maneira. Acaba havendo um descompasso entre a maior procura por trabalho com uma resposta ainda não tão forte para absorver esses trabalhadores — afirma Beringuy.
Em abril do ano passado, quando o país sentiu mais fortemente os impactos da pandemia, a taxa de desemprego estava em 12,6%, o que equivalia a 12,8 milhões de pessoas.
A pesquisa mostrou ainda que a massa de rendimentos habitualmente recebida pelos trabalhadores – ou seja, a soma da renda de todos os brasileiros que têm algum tipo de trabalho – encolheu em R$ 12 bilhões desde abril do ano passado.
No conjunto, os brasileiros ocupados receberam R$ 224,37 bilhões em abril de 2020. Agora, esse montante caiu para R$ 212,31 bilhões. Um recuo de 5,4%.
Diferenças entre Pnad e Caged
A Pnad considera vagas formais e informais, e os dados são trimestrais. Hoje também serão divulgados os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), que considera números mensais.
O Caged considera apenas os trabalhadores que têm carteira de trabalho assinada e são regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Isso significa que não são contabilizados trabalhadores sem carteira nem os que trabalham por conta própria ou os funcionários públicos estatutários.
Na pesquisa do IBGE, são investigados todos os tipos de ocupação, formais e informais, além de empresários e funcionários públicos.