Desde que foi anunciada, a liberação do serviço de pagamentos do WhatsApp, que permite a usuários do aplicativo transferirem dinheiro para outras pessoas, tem gerado muita expectativa, especialmente entre micro e pequenos empresários.
O aplicativo, um dos mais utilizados do mundo, recebeu a liberação do Banco Central no fim de março para oferecer esse novo recurso, por meio do WhatsApp Pay.
De forma geral, a nova opção permite a realização de pagamentos digitais, tanto para pessoas físicas quanto jurídicas, utilizando exclusivamente o aplicativo. No entanto, por ora, só é possível realizar transações entre pessoas físicas.
A novidade deve começar a valer em breve também para o varejo, diminuindo barreiras para o consumidor no momento da compra. Os usuários têm a possibilidade de realizar transferências usando cartões pré-pagos, de débito ou cartões múltiplos com a função de débito sem pagar taxas e dispensando a necessidade da maquininha.
Com as inovações apresentadas ao mercado pelas fintechs, aos poucos, o dinheiro físico perde espaço nas transações financeiras. De Pix às criptomoedas, o varejo enfrenta uma imensidão de tecnologias financeiras, que promovem mudanças no cotidiano das empresas e que transformam o processo de compra do consumidor.
Mas, nem tudo é positivo. Assim como tudo o que é feito pela internet, há alguns riscos nas transações realizadas pelo aplicativo de mensagens, uma vez que o WhatsApp tem seu negócio baseado na publicidade, o que implica a divulgação de dados dos usuários. O Facebook já sofreu medidas judiciais por conta do vazamento de dados.
PRÓS
Para Alfredo Soares, especialista em varejo, comprar e vender pelo Whatsapp é uma tendência inegável. Ele cita uma pesquisa da Facebook IQ, departamento de pesquisa de consumidor da companhia, que aponta que 61% dos brasileiros consideram o envio de mensagens a forma mais fácil de entrar em contato com uma marca e 59% dos consumidores estão mais propensos a comprar de organizações que oferecem atendimento via chat.
Nesse sentido, ter agilidade, planejamento e compreender o comportamento do consumidor, são elementos necessários para que o varejo utilize a ferramenta com sucesso, na opinião do especialista.
Praticidade - Soares explica que os pontos a serem priorizados no uso desse canal é o comportamento dos usuários. Conforme as tecnologias e a internet se desenvolveram, o acesso à informação, o consumo de mídias e a execução de determinadas tarefas ficaram a um clique de distância, tornando o consumidor imediatista e desacostumado a esperar.
Por isso, é preciso considerar que a velocidade no atendimento passou a ser um dos aspectos cruciais nas interações interpessoais entre consumidor e marca, o que está ligado diretamente à transformação digital.
"A transformação digital vai dominar as atividades do dia a dia, e com a maneira de se comprar e pagar alguma coisa não seria diferente", diz.
A conveniência para o cliente aumenta e gera uma conexão ainda mais direta porque é ele que dará a ordem para que o banco em que é correntista realize o pagamento diretamente para o vendedor, facilitando essa relação de compra e venda, aponta o especialista.
Agilidade - De acordo com uma pesquisa da Decode, empresa de data analytics, 50% dos elogios na Web que envolvem pequenas e médias empresas referem-se à rapidez no atendimento. Já 41% das menções negativas são atribuídas à demora nas respostas.
Para Alfredo Soares é preciso considerar que a ferramenta contempla pessoas e processos. Ou seja, o comportamento do cliente deve ser sempre analisado para uma estratégia apoiada na opinião de quem compra. Dúvidas e problemas na hora da transação devem ser tratados com o mesmo imediatismo característico da ferramenta.
Caso contrário, a imagem da marca pode ser comprometida de forma negativa. Quem optar por utilizar o aplicativo deve atentar-se à rapidez, agilidade e qualidade nas relações, afinal, de acordo com o especialista em varejo, existe uma forte tendência de crescimento na utilização do aplicativo.
"Olhando para um boom de vendas via WhatsApp causado pela pandemia, essa função tem o potencial de ampliar ainda mais essa tendência nos próximos meses".
Segurança - Assim como as mensagens convencionais trocadas pelo WhatsApp já contam com a criptografia como elemento de segurança, as operações envolvendo dinheiro serão ainda mais seguras, tendo em vista que a codificação tem o papel fundamental de impedir que outras pessoas, que não as autorizadas, tenham acesso aos dados transferidos por meio do aplicativo. Já o armazenamento avançado de dados tem diversas camadas de proteção para software e equipamentos.
Além disso, a proteção com o PIN do Facebook Pay e a biometria dos aparelhos adicionam ainda mais segurança quando você envia dinheiro.
Volume de vendas - Com as portas fechadas, muitos empresários viram no WhatsApp uma saída para seguir atendendo de forma humanizada. Além de fortalecer o relacionamento entre marcas e pessoas, o aplicativo se estabeleceu como um importante canal de vendas e, portanto, um dos principais benefícios dessa nova modalidade de pagamento será o de gerar maior volume de vendas.
CONTRAS
Por outro lado, Thiago Bordini, coordenador e professor da pós-graduação em Cyber Threat Intelligence no Instituto Daryus de Ensino Superior Paulista (IDESP), enumera alguns motivos para o usuário ficar atento em relação à segurança digital.
Segurança digital - Bordini destaca que cerca de 120 milhões de brasileiros utilizam o WhatsApp para se comunicar e, portanto, é preciso ter certos cuidados já que a ferramenta é constantemente usada por cibercriminosos. Para o professor, é fundamental que o usuário tenha certeza de quem está por trás das mensagens.
“Faça uma videochamada ou ligue no momento em que a pessoa solicitar uma transferência de dinheiro. Essa é uma forma simples e muito segura de evitar possíveis golpes na plataforma”.
Ele também destaca que é fundamental que o usuário ative a autenticação de dois fatores, pois esse recurso diminui consideravelmente o risco de fraudes na plataforma. Na central de suporte do aplicativo, também é possível ativar o bloqueio por meio de um PIN numérico. Em caso de roubo ou perda do celular, o usuário consegue desativar sua conta para não ser usada por terceiros, explica Bordini.
Hackers - Muito detalhistas, os hackers criam sites semelhantes aos oficiais das instituições financeiras. O link pode chegar via e-mail ou SMS, mas a dica do professor é sempre consultar o banco para confirmar a mensagem. Nessa dica, é importante avaliar o domínio e a URL e pesquisar sobre a reputação e histórico do site. Busque por selos de segurança e consulte a política de privacidade antes de realizar qualquer transação pelo WhatsApp.
Cuidado com os links - Bordini alerta que normalmente as instituições financeiras não enviam link por e-mail, SMS ou WhatsApp. Por isso, não clique em nenhuma mensagem com o nome de um banco. O ideal é ligar para o gerente responsável pela conta e entender se é ele quem está tentando fazer contato - questione qual meio de comunicação é seguro e qual tipo de contato eles fazem quando precisam falar com o cliente.
Antivírus - Embora seja simples, a utilização dessa ferramenta requer alguns ajustes - ter um antivírus é sempre bom, na opinião do especialista. Hoje em dia, existem opções gratuitas também e elas podem dar uma proteção básica, o que já ajuda muito na hora de uma tentativa de ciberataque. Outra dica é manter os navegadores e aplicativos sempre atualizados e aplicar atualizações e correções no seu sistema operacional.
Reponsabilidade pela transação - Por fim, lembre-se: neste caso, não existe a possibilidade de reverter uma transação. Portanto, se o usuário for vítima de algum tipo de golpe e efetuar uma transferência usando o WhatsApp Pay, não há como reverter a transação. Da mesma maneira, se por algum motivo o usuário fizer uma transferência sem querer para um contato desconhecido, não há reversão da operação.