Produtores rurais receberam mais de R$ 10,5 bilhões em seguro rural em 2022, volume 47,1% superior ao do ano anterior, de acordo com dados da Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg) divulgados na última semana. O principal motivo foram as perdas de safras de grãos em decorrência de fenômenos climáticos extremos.
Divulgado em março deste ano, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) das Nações Unidas (ONU) apontou que o ritmo e a escala das medidas tomadas pelos países, individual ou coletivamente, são insuficientes para lidar com as mudanças climáticas extremas. No Brasil, uma das regiões mais afetadas é o Sul do país, onde a estiagem registrada no ano passado levou à perda de lavouras inteiras. “Se agirmos agora, ainda é possível garantir um futuro sustentável e habitável para todos”, diz a nota do documento.
Para representantes do Conseg, as perdas motivadas por crises climáticas foram o principal fator para o crescimento da modalidade. Em 2022, o seguro rural arrecadou mais de R$ 13,4 bilhões, valor 39,5% maior do que o registrado em 2021. Em 2023, a confederação projeta que o seguro rural cresça mais 7,3%.
O superintendente de Estudos e Projetos da CNseg, Thiago Ayres, explica que o aumento da demanda está diretamente relacionado à percepção de risco pelo produto rural. “Com o aumento constante na ocorrência de eventos climáticos severos, o produtor rural, cada vez mais, tem enxergado o setor de seguros como um forte aliado na saúde financeira do seu negócio”, avalia.
Ranking
O Rio Grande do Sul foi o estado com maior demanda, com R$ 2,5 bilhões, e o segundo em indenizações pagas, com R$ 3,2 bilhões. O Paraná, por sua vez, ficou em primeiro em total pago ao produtor rural, com R$ 3,3 bilhões, e segundo em arrecadação, com R$ 2,3 bilhões. São Paulo fecha o ranking em terceiro na arrecadação (R$ 2,1 bilhões) e na indenização (R$ 1,3 bilhão).
De acordo com o CNseg, a modalidade é oferecida independentemente do porte do negócio, mas exige que sejam cumpridos critérios como boas práticas de manejo, tais como o Zoneamento Agrícola (Zarc), além de práticas de correção de solo, adubação e controles fitossanitários. “Com a ocorrência frequente de eventos climáticos que podem devastar lavouras inteiras, o setor de seguros traz a segurança que o produtor rural precisa para focar suas energias em aumentar a sua produtividade”, finaliza Ayres.