País cria recorde de 395 mil vagas formais em outubro

Fonte: Folha de S.Paulo
27/11/2020
Geral

O mercado de trabalho brasileiro registrou abertura líquida (contratações menos desligamentos) de 395 mil vagas em outubro, o quarto saldo consecutivo no azul após as perdas registradas durante a pandemia do coronavírus e um recorde na série histórica iniciada em 1992.

Os dados são do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), divulgado nesta quinta-feira (26) pelo Ministério da Economia e que abrange apenas contratos regidos pela CLT (Consolidação das Leis do Trabalho). De acordo com a pasta, o saldo é resultado de 1,5 milhão de admissões e 1,1 milhão de desligamentos.

Os números de outubro ainda não têm ajuste de declarações feitas fora do prazo, o que, combinado com um maior atraso observado nas informações prestadas por empresas neste ano e uma mudança na metodologia em 2020, deve levar a alterações a serem observadas nas próximas divulgações.

Os dados do governo mostram que o país vem abrindo vagas em número cada vez maior após o corte aproximado de 1,6 milhão de postos de março a junho. Em julho, foram 139 mil postos abertos. Em agosto, 244 mil. Em setembro, 313 mil.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, comemorou o resultado. "Tivemos uma notícia extraordinariamente favorável hoje. Foi o mês em que criamos mais empregos na série histórica do Caged. A economia brasileira continua retomando em V, gerando empregos em ritmo acelerado", afirmou.

Guedes havia afirmado durante o mês que o país poderia encerrar 2020 com cerca de 300 mil empregos perdidos, mas agora diz que o saldo pode ficar zerado. "Podemos terminar o ano perdendo zero vagas em emprego formal. Quando em 2015 perdemos mais de um milhão de empregos, e em 2016 também, em recessões autoimpostas", afirmou.

Mesmo assim, ele prevê números mais moderados no futuro. "Está tão bom que é difícil melhorar", afirmou. Nos últimos dias, ele já havia dito que os números devem desacelerar.

Bruno Bianco, secretário especial de Previdência e Trabalho, lembrou que o fim do ano tem historicamente demissões, mas que há chances de o país terminar o ano com saldo neutro entre contratações e desligamentos, cenário influenciado pelo programa que permite corte de jornada e salário ou suspensão de contratos.

"A economia está em franca retomada, com os empregos voltando em V. O mês de dezembro é historicamente negativo, mas temos a influência positiva do benefício emergencial. Temos grandes chances de ter um número neutro até o fim do ano", afirmou Bianco.

No mês, o melhor desempenho foi de serviços (com 156 mil vagas abertas), seguido por comércio (115 mil), indústria (86 mil) e construção (32 mil). Por outro lado, a agricultura fechou vagas (menos 120 postos).

Rodolpho Tobler, economista do FGV/Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas), diz que os números mostram uma recuperação, embora em ritmo desigual. "Setores como comércio e serviços seguem avançando, mas ainda têm um caminho de recuperação muito maior do que os outros. O fundo do poço foi maior e a retomada mais lenta", afirma.

"Por outro lado, indústria se aproxima do nível de fevereiro, e construção e agropecuária já estão acima", complementa Tobler.

A região que mais criou postos de trabalho foi o Sudeste (com 186 mil vagas), seguida pelo Sul (93 mil), Nordeste (69 mil), Centro-Oeste (25 mil) e Norte (20 mil).

Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, diz que a recuperação em todas as regiões aponta para uma melhora na atividade no país. "Esse dado atribui boa perspectiva para a economia brasileira, que evidentemente ainda está sujeita a uma eventual segunda onda que a desacelere. Mas os sinais são ótimos", afirma.

No acumulado do ano de 2020, ainda há um saldo negativo de 171,1 mil empregos (dados com ajuste até setembro), decorrente de 12,2 milhões de admissões e de 12,4 milhões de desligamentos.

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