A relação dos brasileiros com seus lares não é mais a mesma desde o início do isolamento social imposto pela pandemia. Com o home office, cresceu a procura pelo seguro residencial tanto pela cobertura para riscos, como o de incêndio, como pelos serviços de assistência embutidos na apólice, que ajudam no conforto e na manutenção do lar. Essa mudança de comportamento impulsionou também a venda de proteções voltadas para animais de estimação.
Estudo realizado pelo Offerwise, a pedido da plataforma de imóveis Quinto Andar, mostrou que 73% dos brasileiros passaram a enxergar suas casas de maneira diferente durante a pandemia. Com a nova realidade e os espaços de trabalho cada vez mais integrados à vida pessoal, contratar um serviço de proteção do imóvel e suas funcionalidades ganhou importância no orçamento familiar. Dados divulgados pela Susep (Superintendência de Seguros Privados) apontaram que os seguros residenciais cresceram quase 4% no ano passado em relação ao ano anterior e os especialistas acreditam que essa é uma tendência que veio para ficar.
“Pensando nesse crescimento e na importância de trazer segurança para todos os riscos que envolvem os bens patrimoniais, lançamos duas novas coberturas exclusivas no segmento residencial: para alagamentos e imprevistos em instalações, pequenos reparos e reformas”, informa Roberto Santos, presidente da Porto Seguro. Uma cobertura semelhante foi lançada pela Brasilseg. “A evolução da relação dos brasileiros com as suas residências tem reforçado a transformação na cultura de consumo de proteção no país. Fica muito claro o aumento da intenção de cuidar e proteger os domicílio s, que são agora também, em muitos casos, ambientes de trabalho. Entendemos isso como algo positivo, em um segmento com muito espaço de crescimento, uma vez que no Brasil somente 15% dos lares são segurados atualmente”, comenta Rodrigo Caramez, presidente da seguradora ligada ao Banco do Brasil.
Para Ivan Gontijo, presidente da Bradesco Seguros, a contratação do seguro residencial “passou a apresentar um novo valor para a sociedade durante o período de isolamento social e pandemia, reforçando ainda mais a concepção de proteção do imóvel, principalmente com o aumento do uso de eletrodomésticos e com as mudanças nas rotinas dos lares”.
Uma preocupação necessária, pois, segundo a Associação Brasileira de Conscientização dos Perigos da Eletricidade (Abracopel), a sobrecarga no sistema elétrico foi responsável por 54% dos incêndios ocorridos em casas ou apartamentos em 2020. Entre março e dezembro, a Allianz observou um aumento de 42% nos acionamentos dos serviços de assistência. Os mais procurados foram encanador (24%), eletricista (12%), check-up lar (7%) e locação (4%) , sendo as maiores motivações os problemas hidráulicos (25%), consertos de eletrodomésticos (21%) e elétricos (11%). “Diante de um cenário em que as pessoas passam a ficar mais tempo dentro de suas residências, é natural que haja um maior acionamento de serviços de assistências”, comenta Patrícia Siequeroli, diretora de Seguros Gerais da Mapfre.
A variedade na oferta de serviços é a grande aposta das empresas do setor, que buscam lançar coberturas cada vez mais personalizáveis, que vão desde o descarte sustentável de móveis e eletrônicos até serviços de personal organizer e, o mais procurado do momento, a assistência para os animais domésticos.
Pets: de assistência a plano de saúde
Incluso nas apólices de seguros de residência, de vida ou de saúde como assistência opcional, os serviços relacionados aos animais de estimação estão cada vez mais variados. O atendimento inclui serviço de leva e traz, aplicação de vacinas e envio de ração em domicílio, gastos com veterinário, hospedagem do animal por acidente, doença aguda ou ausência do segurado e até necessidades mais específicas da relação entre o animal e seu proprietário. O seguro da Bradesco oferece, por exemplo, apoio psicológico ao dono no caso de falecimento do pet. Na companhia, a demanda pela assistência pet cresceu 213% no primeiro trimestre deste ano na comparação com o mesmo período do ano passado.
É um mercado tão interessante que parcerias entre empresas de assistência 24 horas e redes de consultórios veterinários estão viabilizando produtos que funcionam como um plano de saúde para o animal incorporado ao seguro. No Sompo Seguros essa combinação está disponível na apólice de vida para pequenas e médias empresas.
Atuando desde 2013 no segmento de planos de assistência à saúde dos animais de estimação, a Plamev Pet, com sede em Sergipe, viu seu faturamento chegar a R$ 5 milhões durante a pandemia, quando passou a oferecer cobertura nacional pelo sistema de reembolso das despesas com veterinários. Nos próximos meses, a empresa pretende lançar um plano de emergências com animais de estimação durante viagens internacionais. “A cobertura internacional já fazia parte do planejamento estratégico da empresa e vai consolidar a Plamev Pet como referência em soluções para os animais de estimação”, afirma Pedro Svacina, CEO da companhia.