O Sistema Aberto de Seguros, open insurance, prevê a troca de informações sobre seguros e previdência complementar de forma obrigatória entre as seguradoras, entidades abertas de previdência e sociedades de capitalização de maior porte (incluídas nos segmentos S1 e S2 da regulação prudencial). Para as demais autorizadas pela Susep (Superintendência de Seguros Privados), a adesão ao open insurance é opcional.
Na prática, são 66 empresas, as maiores do mercado, que já estão cumprindo os protocolos da primeira fase. Outras duas também seguem o cronograma de maneira facultativa. O calendário é escalonado assim como ocorreu com os bancos no open banking. No próximo dia 4 de março está prevista a certificação das APIs, as interfaces que funcionam como uma ponte entre plataformas digitais diferentes. São essas pontes que permitem a comunicação das informações dos produtos que serão compartilhados.
“Boa parte das soluções tecnológicas previstas para o open insurance, como as APIs, as plataformas de relacionamento, canais de venda e sistemas de parceiros de negócios já existem na MAG Seguros. O nível de adequação é de baixa complexidade”, diz José Paulo Vasconcellos, diretor de Planejamento, Projetos e Processos da companhia.
“Ainda existe o desafio no mercado de conseguir se adaptar, tendo em vista o tamanho do mercado e os diferentes perfis das participantes. Ainda assim, acreditamos que não deve ter atrasos. Dentro da XP, a primeira fase foi muito tranquila, mas estamos alinhados com o setor em todos pleitos. O open insurance depende de todos estarem prontos e ter acesso à tecnologia”, aponta Amancio Paladino, diretor de investimentos da XP Seguros.
A integração de plataformas é fundamental para que os consumidores possam ter acesso ao ecossistema de produtos e “serviços sob medida, negociados com mais transparência, agilidade, respeito a privacidade e segurança”, como projeta a Susep. Em resumo, o open insurance promete unificar as informações para tornar o mercado mais dinâmico e competitivo, e atraente aos clientes.
“A principal característica é o cliente, o que ele busca e em qual empresa ele busca pelo serviço via plataforma. Esse diferencial é o mais relevante que open insurance traz.”, sustenta o representante da XP Seguros.
“Os investidores terão acesso a informações mais qualificadas, será possível comparar as ofertas disponibilizadas pelas seguradoras em ambiente ágil e seguro, facilitando a tomada de decisão para os seus investimentos”, lembra o executivo da MAG.
“O open insurance é muito maior e mais amplo do que se imagina. Estamos falando de todos os ramos: seguro de vida, de celular, de bicicleta, previdência, residencial, auto, seguro de garantia e tantos outros. A plataforma que vai possibilitar que todo mundo que queira comercializar ou iniciar um seguro possa fazer isso está sendo desenvolvida agora”, reforça Amancio Paladino.
De olho nessa integração de dados de todas as categorias de produtos do mercado de seguros, previdência e capitalização, a B3 já tem em operação uma plataforma que pretende auxiliar seguradoras na adesão ao open insurance sem a necessidade de montar uma estrutura tecnológica e operacional no seu próprio ambiente. O recurso foi desenvolvido em parceria com a startup Finansystech.
“O open insurance é mais uma forma de conexão em um universo extenso e conectado. Tenho certeza que haverá uma entrega de valor relevante para os clientes num curto espaço de tempo. E o mercado vai começar a sentir os efeitos dessa abertura que pensa o presente e o futuro desse consumidor”, disse Icaro Leite, superintendente de Produtos de Seguros na B3, durante um seminário virtual sobre o tema.
As parcerias que ajudam a viabilizar a infraestrutura tecnológica também permitem que as empresas possam acelerar as soluções de personalização já em curso. Por meio de parcerias com startups focadas nos clientes do setor, as chamadas insurtechs, as seguradoras ganham em agilidade, visando o relacionamento tanto com os corretores quanto com os segurados.
Na MAG Seguros, por exemplo, os produtos pensados especialmente aos millennials passam a ser desenvolvidos a partir da Simple2u, insurtech do grupo. Com coberturas voltadas a acidentes e residências, os novos serviços podem ser ativados e desativados com facilidade e durar de uma hora até um mês. Uma carteira digital vai permitir que serviços sejam adicionados, com previsão de devolução do dinheiro não utilizado.
Já na Icatu, a avaliação é de que a cooperação tem ajudado na construção de ferramentas para auxiliar os corretores na comercialização do seguro e no desenvolvimento de produtos de proteção financeira flexíveis, com contratação mais simples e rápida para os clientes de diferentes perfis e necessidades.
“O ecossistema de parcerias é um pilar estrutural do modelo de negócio e do nosso objetivo de democratizar o acesso do brasileiro ao seguro. Há cerca de cinco anos, a gente intensificou nossos investimentos em tecnologia e inovação para conseguir ter essa dinâmica com as startups e, assim, fazer essas integrações. É um aprendizado diário”, diz Rachel Ferreira Bonel, superintendente executiva de Dados, Privacidade e Planejamento Comercial da Icatu.
No caso da seguradora, uma das insurtechs parceiras é a plataforma de bem-estar Betterfly, avaliada como novo unicórnio depois de levantar mais US$ 125 milhões em uma rodada de investimento realizada no início do mês.
Da união de sinergias das duas empresas foi criado o seguro de vida inédito no país, com proteção dinâmica. À medida que os usuários da plataforma realizam práticas saudáveis, como exercícios físicos, meditação, yoga e cursos livres, a cobertura do seguro de vida aumenta automaticamente. Além disso, ao adotar hábitos saudáveis os usuários poderão gerar moedas virtuais que podem ser convertidas em doações de alimentos, litros de água potável ou mudas de árvores para ONGs parceiras. “Um produto que diz muito sobre essa nova economia e o novo consumidor, que está cada vez mais em busca de experiências”, observa Rachel.