Micro, pequenas e médias empresas foram mais beneficiadas do que as grandes pelas medidas emergenciais adotadas pelo governo para amortecer os efeitos da crise do coronavírus. Cálculos do economista Carlos Antonio Rocca, do Centro de Estudos de Mercado de Capitais da Fipe, baseados nos dados mais recentes do Banco Central, mostram que o volume acumulado de recursos captados pelas empresas menores foi 30% superior ao das grandes no período de 12 meses encerrado em setembro.
Segundo Rocca, companhias menores, com faturamento anual de até R$ 300 milhões, captaram R$ 148 bilhões em operações de crédito contratadas nesse período, descontados os recursos usados para abater dívidas antigas. Pelo mesmo critério, as empresas maiores captaram R$ 113 bilhões.
A oferta de crédito para as empresas menores aumentou rapidamente a partir de julho, graças a mudanças nos programas oficiais voltados para o segmento. O saldo total das operações contratadas com elas nos 12 meses até setembro aumentou 28%. Para as grandes empresas, o avanço foi de 13%.
Para Rocca, as medidas emergenciais ajudaram a reforçar o caixa das empresas que conseguiram sobreviver à queda das vendas durante a pandemia, mas isso não garante que elas continuarão à tona se a atividade econômica não se recuperar com vigor nos próximos meses, após o fim das medidas.
Segundo levantamento do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), 31% dos empresários do segmento que buscaram crédito no final de setembro conseguiram recursos. Em abril, no início da quarentena, somente 11% dos entrevistados que procuraram os bancos disseram ter conseguido crédito.