Mais da metade das micro e pequenas empresas brasileiras está sem reservas financeiras em seu caixa. De acordo com a Sondagem das Micro e Pequenas Empresas, realizada pelo Sebrae em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), 52% dos negócios desse porte não têm reservas, sendo que desse total, 12% estão com dificuldades de pagar as contas em dia, o que pode ser agravado ainda mais com o aumento da inflação.
Entre os empreendedores com reservas, os recursos disponíveis ajudariam esse grupo a se manter por um trimestre, o número é superior ao detectado há um ano, quando os recursos representavam um pouco mais de 18% do faturamento anual. “O fôlego melhorou em relação ao ano passado, quando os recursos davam para manter a empresa por cerca de dois meses, mas a grande maioria dos empreendedores ainda não está em situação favorável”, ressalta o presidente do Sebrae, Carlos Melles.
Ao analisar os dados por setor, as principais dificuldades e a disponibilidade de reservas são distintas entre Comércio, Serviços e Indústria. Quando o assunto é reservas, as empresas do Serviços são as mais carentes: quase 59% delas estão sem reservas, sendo que 15% estão com dificuldades para pagar as contas. Já entre os empreendedores da Indústria, esses números caem para cerca de 50% e 13,2%, respectivamente. O Comércio é o que apresentam melhor cenário: 44,5% não possuem recursos e quase 7% não têm reservas para pagar as contas.
Entre as empresas com reservas, 48% pretendem utilizá-las nos próximos 12 meses, sendo que 4% inteiramente. Indústria é o setor com o maior número de empresas que pretendem utilizar esses recursos, que serão destinados principalmente para investimentos em máquinas, equipamentos e infraestrutura. “Isso demonstra que esse setor tem a perspectiva de aumentar a produção e a competitividade e que está menos endividado, já que apenas cerca de 16% irão utilizar para pagamentos de dívidas”, pontua Melles.
Já entre as empresas do setor de Serviços, 42% pretendem usar suas reservas, que deverão ser destinadas, principalmente, para investimentos em máquinas, equipamentos e modernização, sendo que 23,3% também usarão esses recursos para o pagamento de dívidas. “Esse resultado é consequência de que as empresas desse setor estão com dificuldade para pagar seus débitos, fazendo com que elas tenham menos recursos para investir no próprio negócio”, esclarece o presidente do Sebrae. Já nas empresas do Comércio, entre os 41,5% que pretendem usar os recursos investirão, em grande parte, na antecipação de compras de insumos e matérias-primas e em infraestrutura.