Loja que vende produto regional mantém aura de armazém antigo

Fonte: Folha de S.Paulo
27/03/2019
Vendas

Enquanto redes internacionais multiplicam suas unidades no país, pequenos negócios apelam à produção regional e ao resgate da tradição para atrair clientes.

Nos últimos anos, afirma Karyna Muniz, consultora do Sebrae-SP, ganhou força no país um movimento de favorecer o comércio local, que vende produtos de procedência conhecida que não são encontrados em qualquer loja.

“Existe um movimento internacional de buscar fomentar um comércio justo e de incentivar pequenos empreendedores. É um resgate do trabalho colaborativo. Temos atendido um crescente número de empresas que trabalham nesse sentido”, diz.

Pequenos negócios que se preocupam com a história daquilo que vendem —as famílias que o produziram, a sustentabilidade na produção— têm mais chances de se diferenciar no mercado, opina. 

Lilian Teodoro Lisa trouxe a sua experiência familiar ao Empório Coisas de Minas, que abriu em São Paulo com produtos de seu estado de origem. Ela mudou-se de Muzambinho para a capital paulista em 2004, depois de se formar em farmácia. Filha de comerciantes, sempre trazia na mala produtos de casa, que agradavam seus amigos.

Em 2013, resolveu empreender e abriu sua loja de produtos mineiros —exclusivamente mineiros— na Mooca. Até a água vem de lá.

Na primeira loja, com 25 metros quadrados, começou vendendo produtos para serem consumidos em casa. Depois de cinco meses, percebeu que muitos clientes queriam experimentar as comidas ali mesmo, dentro da loja. 

Começou, então, a vender café e petiscos. Desenvolveu um minicoador de pano para preparar a bebida exatamente como sua avó. “Porque essa é a proposta da loja: fazer um resgate do tradicional.”

Lojas especializadas em produção regional devem ter um cuidado especial com a experiência do cliente. 

No caso do Empório Coisas de Minas, o ambiente remete a uma fazenda, com fogão a lenha e decoração feita com móveis antigos. 

Em 2017, a loja virou uma rede de franquias, com cinco unidades. Em 2018, a empresa teve faturamento de R$ 1,5 milhão. A primeira loja, na Mooca, hoje com dois andares de 80 metros quadrados, teve faturamento mensal de R$ 85 mil no ano passado. 

Para garantir a qualidade e a origem dos insumos, Lilian teve de estruturar um sistema de transporte próprio. “O custo do frete é caro e muitas transportadoras não vão até algumas cidades por serem muito pequenas”, diz seu marido, Juliano Lisa, que tinha experiência em logística.

O casal construiu um centro de recebimento e distribuição em Muzambinho que, uma vez por semana, envia mercadorias para São Paulo.

Dificuldade semelhante teve Fernando Souza, dono da loja É do Pará, que vende desde agosto de 2017 produtos típicos do estado na zona sul de São Paulo. Ele teve de montar uma rede de fornecedores com amigos e entidades de produtores de Belém.

É a sugestão que Karyna, do Sebrae, dá para quem quiser abrir uma loja de produtos regionais. “A logística impacta muito, por isso, é preciso buscar ajuda.” Contatos locais e associações de produtores ajudam bastante na empreitada, diz.

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