A inadimplência do consumidor subiu 4,8% em maio na comparação com abril de 2019, segundo dados da empresa de informações de crédito Boa Vista SCPC (Serviço Central de Proteção ao Crédito) obtidos com exclusividade pelo Estadão nesta quinta-feira, 6. Apesar da alta, se comparado ao mesmo mês do ano passado, o indicador recuou 0,6%.
O economista da Boa Vista, Flávio Calife, explica que o número de pessoas com dívidas deve aumentar nos próximos meses. “O movimento ainda é de queda. Mas nós temos a expectativa de que essa queda vá diminuir e comece a aumentar a inadimplência.”
No acumulado dos 12 meses, a queda foi de 2,5%. Nessa comparação, todas as regiões do país diminuíram os registros de inadimplência: Centro-Oeste (-4,0%), Norte (-3,1%), Nordeste (-2,8%), Sul (-5,4%) e Sudeste (-1,4%)
A queda da inadimplência nos últimos anos se deve, principalmente, ao baixo movimento de crédito na economia, segundo Calife. “O crédito está crescendo pouco se compararmos com períodos anteriores. E isso afeta as novas dívidas. Houve uma redução da tomada de crédito, então menos pessoas ficaram inadimplentes. Não foi pela melhora da situação financeira do consumidor, porque isso não aconteceu”, disse.
Esse cenário, porém, deve mudar nos próximos meses. Segundo o economista, há uma tendência de alta no registro de novas dívidas por conta do aumento da tomada de crédito neste ano. “Observamos esse aumento nos últimos meses. Mas ele não foi acompanhado por uma melhora no emprego ou na renda, o que afeta a capacidade de pagamento do consumidor”, explica.
Número de inadimplentes tem novo recorde
O número de brasileiros inadimplentes, diz a Serasa Experian, é de 63,2 milhões, novo recorde histórico e o equivalente a 40,4% da população adulta. Em abril, o crescimento da inadimplência do consumidor foi puxado pelas dívidas com o segmento de utilities (água, energia elétrica e gás), enquanto o setor de telefonia aparece em segundo lugar. Varejo e Serviços apresentaram queda, o que, segundo o Serasa, indica que a oferta de crédito nestes segmentos pode estar encolhendo.
O segmento de Bancos e Cartões ainda figura no primeiro lugar do número de dívidas vencidas e não pagas. Luiz Rabi, economista da Serasa Experian, afirma que a constante crescimento neste quesito é reflexo da dificuldade “em honrar” um pagamento que costuma ser prioridade das famílias. “Se mantido ao longo dos próximos meses, este movimento pode fazer com que o spread bancário aumente, deixando os juros ainda mais caros para o consumidor”, ressalta.