Na visão dos executivos do mercado, o Open Insurance ainda deve demorar anos para ter um impacto significativo. Esse processo envolve investimentos em várias frentes, como adequação regulatória das empresas, investimento em tecnologia e em educação, tanto do mercado como dos clientes.
De acordo com pesquisa feita pela consultoria Capgemini repassada com exclusividade para o GLOBO, a maior parte dos executivos esperam que o Open Insurance passe a impactar o mercado em 2024.
Francisco Galiza, consultor econômico e parceiro da Capgemini na elaboração do estudo, destaca que além da necessidade de investimentos, um dos achados da pesquisa é que o conhecimento da sociedade e dos profissionais do mercado sobre o Open Insurance ainda é baixo, contribuindo para que o horizonte de impacto seja mais longo.
— Um desafio claro é de conhecimento, a gente fez essa pergunta para as empresas, sobre qual o grau de conhecimento que elas têm em relação ao Open Insurance e é muito baixo. Há toda uma trajetória cultural em relação a isso, uma trajetória de compliance, regulatória, das pessoas se adaptarem e isso é uma trajetória de médio e longo prazo — disse.
De acordo com a pesquisa, entre as principais consequências estão a entrada de novas empresas no mercado, de novos produtos, uma distribuição mais diversificada e de manutenção do lucro mesmo com essas mudanças. A visão do mercado, no entanto, é que os preços não devem cair.
O vice-presidente para Serviços Financeiros da Capgemini Brasil, Roberto Ciccone, vê que mais competição implicaria em mais competitividade, mas ressalta que o preço também depende de outros fatores.
— A gente vê lá fora no Open Banking, o valor diferenciado, de personalização a, assessoria, no final o preço vira segundo plano. O preço não ficou comprovado, mesmo os executivos não acham que necessariamente vai cair o prêmio, o lucro deve manter, eles estão confiantes que ou vende mais caro ou reduz o custo — afirmou.
Impacto para pessoas físicas
A pesquisa também apontou que o impacto maior do Open Insurance deve ser para modalidades de seguro mais simples, como de vida e automóvel e para pessoas físicas e pequenas empresas.
Gustavo Leança, líder de Soluções para Seguros na Capgemini Brasil, explica que empresas maiores normalmente precisam de seguros personalizados, mais complexos, o que deve impedir que essas operações sejam feitas por meio do Open Insurance.
Já no caso das modalidades mais simples e para pequenas empresas, o Open Insurance pode facilitar ainda mais a operação, possibilitando a comparação entre ofertas de seguro e contratação simplificada, por exemplo, por um aplicativo.
— Quando a gente vê um produto como seguro de celular, de repente você vê que em vez da seguradora A você pode ir pra B pelo mesmo preço e é um produto muito simples, você entende o valor do seguro, a tendência de ir para preço é muito maior — apontou.