Depois da revolução do Pix, próximo passo é o open banking

Fonte: O Globo
30/09/2021
Tecnologia

Em um futuro próximo, quando uma pessoa ou empresa precisar de um empréstimo, não vai mais precisar ficar preso a um ou dois bancos em que tem conta. Com a implementação do chamado Open Banking, grandes bancos, fintechs e cooperativas poderão competir em pé de igualdade por esse cliente, favorecendo condições melhores em relação a taxas e prazos.

Essa é a inovação prometida pelo Banco Central, que tem movimentado o setor financeiro nos últimos meses com a implantação do sistema em quatro etapas. Pequenas e grandes instituições financeiras correm para integrar seus sistemas dentro do prazo. A primeira e a segunda fases foram adiadas uma vez cada, mas já estão valendo. Elas contemplam uma base de adequação e compartilhamento de dados para os próximos passos, que têm outros desafios.

A terceira fase, que marca a junção entre Open Banking e o sistema de transferências instantâneas Pix, estava marcada para começar no dia 30 de agosto, mas foi adiada para 29 de outubro, em um acordo firmado entre BC, bancos e fintechs. A grande novidade dessa fase é que será possível, por exemplo, que uma pessoa que queira fazer um pagamento por uma entrega de comida ou uma compra numa loja virtual não precise acessar o aplicativo do seu banco para enviar um Pix. O próprio vendedor será autorizado a fazer a intermediação entre a conta do cliente e a do seu estabelecimento.

Toda a implementação é desafiadora da perspectiva tecnológica, e um prazo um pouco maior é visto com bons olhos por todas as instituições financeiras envolvidas.

Os bancos grandes têm os chamados “sistemas legados”, que armazenam informações de décadas. O trabalho de adequar dados para compartilhamento com outras instituições é mais complicado, mesmo no atual ritmo acelerado dos trabalhos. Até os departamentos de marketing das instituições entram no esforço. Algumas já fazem campanhas para explicar o Open Banking e atrair clientes.

No BC, o entendimento é o de que ajustes no cronograma são naturais para que a implementação seja bem feita, mas o início da fase final continua previsto para 15 de dezembro.

A partir daí, o BC quer evoluir para o que chama de Open Finance, com a abertura ao público dos dados sobre as características de produtos de investimentos, seguros, câmbio e outros ofertados no mercado por todas as instituições. No ano que vem, clientes poderão decidir compartilhar também seus dados sobre esses produtos com as instituições. A expectativa é que o mercado continue inovando a partir dessa base já instalada e novos produtos e serviços financeiros que sequer existem hoje comecem a ser ofertados.

— Hoje falamos em Open Finance e não mais em Open Banking, porque é mais abrangente. Grande parte dos novos projetos do BC está fora do mundo tradicional bancário. Há toda uma parte de finanças descentralizadas que vão ser conectadas juntamente com o Open Banking — disse o presidente do BC, Roberto Campos Neto, em julho, ao apresentar o cronograma. —Tudo isso faz parte de um arcabouço mais digital no futuro, onde vamos conseguir ver esses produtos navegando de forma transversal, com um custo de intermediação muito mais baixo.

Desenvolvido por:

Desenvolvido por: