Os bancos emprestaram menos às empresas em outubro, na comparação com setembro. No período, houve queda de 4,8% na concessão de novos créditos, segundo dados divulgados pelo BC (Banco Central) nesta sexta-feira (27).
A redução foi puxada por capital de giro, com contração de 13,4% no mês. A linha é a mais importante para empresas e é a que representa maior volume entre as concessões para as companhias.
Nos últimos meses, o crédito às empresas tem se elevado em razão de linhas emergenciais do governo para fazer frente à crise gerada pela pandemia, como o Pronampe (Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte).
Em desconto de duplicatas e antecipação de recebíveis, modalidades usadas por comerciantes e que precisam de vendas para gerar garantia, houve retração de 9,3% e 2,4%, respectivamente.
Com isso, no acumulado do ano, empréstimos novos para pessoas jurídicas aumentaram 13,1%.
Em contrapartida, a concessão de crédito para as famílias aumentou 3,2% em outubro. Os brasileiros buscaram recursos principalmente no consignado, que é descontado diretamente na folha de pagamento, com aumento de 13,8% no mês.
Para beneficiários do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), a modalidade teve alta de 65,3%.
Linhas ligadas ao consumo também aumentaram. O uso do cartão de crédito à vista subiu 5,5%. As modalidades rotativas também cresceram no mês. O rotativo do cartão, quando o cliente não paga o total da fatura, subiu 2,9%.
Houve alta nas concessões do rotativo regular (quando o cliente paga acima do mínimo da fatura), de 8,4% e do parcelamento do cartão, de 8,6%.
No acumulado do ano, novos empréstimos para pessoas físicas cresceram 0,7%.
Em outubro, os bancos emprestaram R$ 353 bilhões para empresas e famílias, redução de 0,6% em relação a setembro. No acumulado do ano, em relação ao mesmo período de 2019, as concessões cresceram 5,6%.
As variações mensais são registradas com ajuste sazonal, que retira peculiaridades do período, como número de dias úteis a mais ou a menos, para facilitar a comparação.
O saldo das operações de crédito, que contabiliza toda a carteira do sistema financeiro, somou R$ 3,9 trilhões em outubro, alta de 1,4% no mês (1,7% em pessoas físicas de 1% na carteira de pessoas jurídicas).
Em doze meses, o crescimento do estoque foi de 14,5% (21,1% para empresas e 9,8% para famílias).
Depois quedas em dois meses consecutivos, a taxa média de juros cobrada nas operações de crédito às empresas e às famílias subiu 0,6 ponto percentual em outubro e ficou em 18,7%, mas ainda abaixo dos níveis pré-pandemia.
Com isso, o spread, diferença entre a taxa que os bancos pagam para captar recursos e a taxa cobrada em empréstimo, ficou em 14,6 pontos percentuais, elevação de 0,3 ponto.
Desde o início da pandemia, os juros cobrados nas operações de crédito têm se reduzido.
A taxa básica de juros (Selic), que norteia todas as outras taxas, está em 2% ao ano, menor patamar da história. Quando ela é reduzida, os bancos pagam menos para captar recursos e acabam emprestando mais barato.
Além disso, a inadimplência alcançou seus menores níveis com o auxílio emergencial e com as prorrogações de parcelas, oferecidas pelos bancos em meio à crise para alívio do orçamento. Em outubro, a rubrica ficou estável, com 2,4%.
Quando a inadimplência está baixa, os bancos cobram menos nos empréstimos porque o risco de calote é menor.