A digitalização dos negócios e a criação de e-commerces foi a única realidade de sobrevivência para muitos empreendedores durante a pandemia. De acordo com dados da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm), de março a maio deste ano o Brasil registrou abertura de mais de uma loja virtual por minuto. Isso significa em torno de 35 mil lojas por mês, sendo que antes da pandemia a média era de 10 mil por mês. Contudo, para uma experiência de sucesso, não basta apenas estar inserido em um marketplace ou criar um site para vendas: é necessário pensar sobre a logística de entrega do produto.
“Quando a gente pensa em logística e e-commerce, a gente entende que a logística é uma materialização do espaço virtual e está totalmente ligada à credibilidade. Se você não recebe ou recebe o produto com atraso, a credibilidade do negócio vai ser depreciada”, diz Sandra Façanha, coordenadora do curso de Administração da Fecap.
A professora acredita que logística é o que pode fazer a diferença entre o negócio dar certo e ser minado pelos problemas. Assim como ela, o professor de e-commerce Alexandre Marquesi, da ESPM, aponta que este ponto traz um impacto direto para a empresa. “Com problema na entrega, o faturamento pode diminuir em 20% e até mesmo encerrar o negócio.”
Segundo a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm), houve um aumento de 70,3% nos pedidos em comparação com o ano passado, com mais de 274 milhões de pedidos de janeiro a novembro. Quanto ao faturamento, o crescimento foi de 69,6%, totalizando mais de R$ 115 bilhões durante um ano de isolamento social.
Para auxiliar o empreendedor a escolher as empresas de logística, o Estadão PME fez a curadoria de 28 empresas de entregas, que variam as entregas desde na mesma cidade e no mesmo dia via motoboy até serviços internacionais por via aérea. No serviço em forma de buscador, é possível encontrar as empresas por meio de filtros como cidade, tempo de entrega, coleta e tamanho da encomenda.
Alta de lojas, alta de reclamações
Sandra pondera que mesmo que esse crescimento seja positivo, há um aumento significativo nas reclamações, e aqueles que querem se manter no universo digital precisam fazer o dever de casa. “Existe uma onda muito grande de empreendedores virtuais que são os caroneiros. Ou seja, ele não é empreendedor virtual, ele ‘está’. Acredito que boa parte das novas reclamações sejam desses novos empreendedores que não fizeram o dever de casa”, aponta.
De acordo com o Procon, neste ano houve um aumento de 208% nas reclamações de compras digitais, com mais 241.887 demandas até o dia 17 de outubro deste ano, contra 78.419 de todo o ano de 2019.
Aos marinheiros de primeira viagem, a professora recomenda que entrem em contato com empresas que ajudem na ponte com os serviços de transporte, como a Mandaê, a Melhor Envio e a Rede Express.
Foi o que a empreendedora Daniela Petroni, da Puzzle Me, fez ao abrir sua loja de quebra-cabeças para o varejo durante a pandemia. Ela cotou os envios pela Melhor Envio e até assinou um contrato com a empresa. Entretanto, neste primeiro momento, está enviando os produtos apenas pelos Correios.
“Eu busquei as informações e eles me deixaram muito segura, então acabei optando pelos Correios. É uma empresa que existe há muito tempo e tem uma envergadura pra entregar para o Brasil todo”, pontua Daniela.
Para ela, além da distribuição em todo o País, a facilidade de ter uma agência dos Correios ao lado de seu trabalho (ela ainda mantém a carreira corporativa enquanto dá o pontapé no negócio) foi fator importante na decisão final, já que a empreendedora afirma que os valores eram muito parecidos.
Confira o buscador com 28 empresas de logística para entregar o seu produto
Como escolher o serviço de entrega
A coordenadora do curso de Administração da Fecap descreve três principais critérios que podem ajudar os empreendedores na hora de escolher a empresa que mais se adeque às suas necessidades.
1. Entenda o seu produto
Se for um produto frágil, exige mais cuidados. Por isso, é preciso verificar a convergência do tipo de produto e a transportadora. Se encontrar uma especialização, é melhor para o empreendedor, para a empresa e para o consumidor final.
2. Área de atuação por regiões
Caso a empresa de logística seja especialista em uma região específica (do País, do Estado, da cidade), isso pode facilitar o envio do produto, de acordo com a sua clientela.
3. Preço (custo-benefício)
Neste caso, é necessário calcular o porcentual médio do frete do produto. É interessante fazer um cálculo pensando no faturamento como um todo. É melhor negociar o total de envios que você deve ter no mês em vez de pensar em um frete apenas.