Como as empresas devem agir nesse turbulento período de pandemia mundial do coronavírus? Como se comportar frente à enxurrada normas editadas diariamente visando disciplinar a relação das empresas com seus empregados e com o fisco nas esferas federal, estadual e municipais? Afinal, quais as estratégias emergenciais devem ser adotadas para superar a crise nos campos tributário e trabalhista?
Estas e muitas outras questões foram debatidas nesta quarta-feira, dia 8, durante a videoconferência realizada pelo SESCAP-PR em parceria com a Assembleia Legislativa do Estado do Paraná e o Gabinete do deputado Subtenente Everton. O debate foi mediado pelo presidente do SESCAP-PR, Alceu Dal Bosco, e contou com a participação do advogado empresarial e tributarista Edison Garcia Junior, do contador e professor Laduir Pinelli e do deputado estadual Subtenente Everton.
O evento on-line e gratuito teve como tema as “Estratégias Emergenciais Tributárias e Trabalhistas para o Enfrentamento da Crise do Coronavírus”. Na ocasião foi debatida a necessidade de uma mudança radical na forma de trabalhar, tanto pelas empresas de contabilidade quanto por seus clientes, imposta pela crise instalada por conta da pandemia do novo vírus.
“O atual momento está muito difícil e trabalhoso para as empresas de contabilidade”, disse Alceu Dal Bosco, ao destacar que nunca o contador precisou estar tão atento quanto agora, em meio a medidas provisórias, instruções normativas, leis e decretos, dos quais o contador precisa ter conhecimento diariamente. “Esta crise nos impôs uma quebra de paradigma. Sempre falamos da necessidade de se fazer uma disrupção nas empresas e estamos vivendo esta disrupção hoje”, disse Dal Bosco, ao destacar que todo o planejamento das empresas deve ser revisto e sua prática antecipada. Além disso, destacou que o profissional contábil, mais do que nunca, teve sua importância revelada como consultor essencial na gestão das empresas.
“Este evento on-line foi muito importante para repensarmos nossos negócios, com foco inicial na sobrevivência das empresas, antes de pensar em crescimento. Com isso, buscamos novas alternativas e estamos antecipando mudanças que talvez acontecessem a longo do ano”, disse o presidente. Dal Bosco afirmou ainda que o SESCAP-PR realizará mais eventos como este “para que possamos construir juntos pensamentos e ferramentas eficazes para o empresário contábil e seus clientes nesse momento de crise”.
Em sintonia com o governo federal
O Deputado afirmou que este é o momento de mudanças e é preciso agir com muita cautela e em sintonia com os governos federal e estadual para contornar a crise e crescer. Para isso, disse que pode contar com o presidente do SESCAP-PR, Alceu Dal Bosco, que foi o grande apoiador das oito audiências públicas que seu Gabinete na Assembleia Legislativa realizou no Paraná em 2019, que defendia o fim da Substituição Tributária do ICMS.
Calamidade pública
O professor Edison Garcia disse que o decreto 88/2020 do Ministério da Economia, que determina o estado de calamidade pública no Brasil até o dia 31 de dezembro, deve ser o ponto de partida para o entendimento do atual momento pelos empresários.
“As normas nos colocam na posição de médicos das empresas e, por isso, temos que dar a elas as melhores alternativas para sobrevivência neste momento de crise”, disse Garcia, ao afirmar que além de pensar nas alternativas de sobrevivência para a própria empresa, os contadores devem buscar soluções plausíveis para seus clientes. “Devemos pensar fora da caixa, no ônus e no bônus de cada ação que tomarmos. Podemos dar redução de salário e de horas de trabalho, mas temos que entender que ao retornar ao trabalho as empresas terão o ônus daquela estabilidade provisória”, disse.
O contador terá que ler a exposição de motivos da Medida Provisória e ver que as regras das férias coletivas são as mesmas das férias individuais. Garcia disse que um momento como este exige que pensemos de maneira diferente e nossos clientes têm que entender que, muito além de manusear softwares, nosso produto de venda é o conhecimento.
Fórmula 1
O contador Laduir Pinelli comparou a atual crise com uma corrida de Fórmula 1. “No momento do acidente surge a bandeira amarela e todo mundo é obrigado a reduzir o ritmo, ninguém ultrapassa ninguém e todos andam bem devagar. Nessa hora, nós, contadores, temos ação dupla: somos o piloto e ao mesmo tempo fazemos parte da equipe responsável por orientar também quem está na pista para que estejam preparados para o momento em que a bandeira verde se levantar.
Pinelli disse que o atual momento é uma oportunidade para os contadores mostrarem sua capacidade, o conhecimento da ciência que domina, que vai muito além de calcular e pagar impostos. Ele fez também um paradoxo das empresas neste momento de crise. “As empresas estão como coronavírus. Assim como está ocorrendo com a população, algumas empresas não vão nem sentir a sintoma da crise; outras sentirão; outras vão para a UTI e outras vão morrer”, disse, para mostrar que cabe aos contadores a escolha da melhor alternativa aos seus clientes.