Os consumidores que têm seus dados disponibilizados no Cadastro Positivo tiveram acesso a taxas de juros menores ao tomar empréstimos pessoais, aponta um estudo do Banco Central (BC) enviado nesta segunda-feira ao Congresso.
De acordo com o documento, as operações de empréstimo pessoal em que os consumidores tinham pontuação no Cadastro Positivo registraram um spread bancário — diferença entre a taxa que os bancos pagam para captar dinheiro e os juros que cobram dos clientes — 10,4% menor do que pessoas que não estavam no Cadastro.
“Os resultados desta seção sobre a relação entre taxa de juros e escores mostram evidência de que as informações provenientes do Cadastro Positivo provavelmente levaram a uma queda, em média, das taxas de juros para clientes novos de operações de empréstimo pessoal no período de agosto a dezembro de 2020” — diz o estudo.
Segundo o documento, a queda nos juros foi "economicamente relevante" para os tomadores que melhoraram a nota de crédito, ou score, com o Cadastro.
No mesmo sentido, a pesquisa ainda apontou que quanto mais a nota de crédito subiu com o Cadastro Positivo, mas os spreads caíram em relação a quem não tem suas informações disponíveis no Cadastro.
O Cadastro Positivo é um sistema de dados sobre a situação de crédito de pessoas físicas e empresas. Criado em 2011, ele passou a ter adesão automática em 2020, após aprovação de um projeto no Congresso. A ideia é que as instituições financeiras tenham mais conhecimento sobre os clientes e, com isso, possam oferecer condições melhores em empréstimos, por exemplo.
A pesquisa também estimou que a utilização do Cadastro Positivo fez com que as instituições financeiras alterassem as faixas de risco de crédito. Enquanto 41% dos consumidores migraram para faixas de menor risco, 33% não se alteraram e 26% foram para uma faixa de maior risco.
Um menor risco de crédito facilita a tomada de empréstimos e pode resultar em condições melhores, como prazos mais alongados ou juros menores, porque as instituições financeiras têm mais segurança de que serão pagas.
Esse relatório sobre o efeito do Cadastro Positivo no crédito apresentado nesta segunda-feira pelo BC ao Congresso era uma obrigação prevista na lei aprovada no ano passado. O estudo será usado para avaliar a eficácia da nova legislação.