O sentimento de aversão a riscos continua a ampliar a demanda de seguros de danos (materiais e responsabilidade contra terceiros), de benefícios (vida e previdência, principalmente), e a estimular brasileiros a poupar ou fazer filantropia, por meio dos títulos de capitalização. Esse comportamento está espelhado nos últimos números do setor segurador divulgados pela CNseg (Confederação Nacional das Seguradoras), na edição 46 da Conjuntura CNseg.
Nos quatro primeiros meses do ano, o setor de seguros apresentou alta de 15,5% sobre os quatro primeiros meses do ano passado, totalizando R$ 92,7 bilhões neste exercício (sem Saúde e DPVAT). Apenas em abril, com movimentação de R$ 21,5 bilhões, o crescimento foi de 36,8%, comparando-se ao resultado do mesmo mês do ano passado. O desempenho de abril foi puxado pela forte expansão dos planos VGBL, cuja procura cresceu 96,8% sobre o mesmo mês do ano passado. Dada a densidade do VGBL no market share do setor segurador, todos os indicadores melhoraram com seu bom comportamento. Com isso, as provisões técnicas do setor alcançaram a cifra de R$ 1,213 trilhão, crescimento de 8,8% sobre abril de 2020.
Nenhuma atividade econômica apresentou uma expansão tão vigorosa quanto o seguro no comparativo mês contra o mesmo período do ano anterior. Após os 36,8% do setor segurador de alta, aparecem as atividades industriais (34,7%), comércio (10,1%) e serviços (4,5%).
Na base anualizada até abril, o setor segurador já acumula expansão de 6,3%. Um mês antes, até março, a alta acumulada era de 2% e de apenas 0,1% em fevereiro. A taxa mais alta vigorosa agora tem também relação com a base comprimida de abril do ano passado (R$ 15,7 milhões arrecadados; o segundo mês a ser atingido pela pandemia).
Apesar dos números positivos, o Presidente da CNseg, Marcio Coriolano, diz que os cenários ainda não permitem expectativas mais assertivas de desempenho do mercado de seguros no ano. “Mais especificamente, o cenário neste ano corrente dependerá crucialmente do tamanho da taxa de aumento do PIB para abrir espaço à recuperação de ramos de seguros caudatários da produção industrial, agrícola e comercial, que é o caso dos grandes riscos patrimoniais. E dependerá também do incremento da renda pessoal e do emprego, combustíveis da demanda por produtos básicos patrimoniais, cobertura de vida, previdenciários, saúde suplementar e capitalização”, escreve ele, no editorial da Conjuntura CNseg.
No acumulado do ano, os destaques em termos de taxa de expansão foram o segmento de Cobertura de Pessoas (18,5%), seguido por Danos e Responsabilidades (12,4%) e Capitalização (5,3). Todos os ramos tiveram crescimento, mas pelo menos oito foram superlativos: Rural (41,0%); Responsabilidade Civil (35,8%); Transportes (25,8%); Planos VGBL (24,3%); Patrimonial (14,3%); Habitacional (11,7%); Marítimos e Aeronáuticos (11,7%); Seguro de Vida (11,5%).
Em relação à sinistralidade, o segmento de Danos e Responsabilidades, que havia caído de 54,8% no primeiro trimestre de 2020 para 52,5% em 2021, agora no quadrimestre voltou a estreitar-se (52,9% contra 51,6%), influenciada pelo ramo de Automóveis. Já a sinistralidade do ramo Patrimonial, que havia saltado no primeiro trimestre de 44,8% para 70,8% pela contribuição dos seguros residenciais e condominiais, com maior uso e, consequentemente, aumento da frequência de eventos, também se estreitou na comparação de quadrimestres, embora menos (48,1% contra 66,1%). No segmento de Cobertura de Pessoas, a sinistralidade dos seguros de Vida – Risco continua a agravar-se, de 25,4% para 39,2%, resultado dos eventos pandêmicos, detalha a publicação da CNseg.