Brasil cria 309 mil vagas com carteira assinada em junho

Fonte: Folha de S.Paulo
30/07/2021
Geral

Em junho, foi registrada a abertura de 309.114 vagas de emprego com carteira assinada no Brasil, segundo dados divulgados nesta quinta-feira (29) pelo Ministério do Trabalho e Previdência e pelo Ministério da Economia.

O saldo foi resultado de 1,601 milhão de contratações e 1,291 milhão de desligamentos no mês, de acordo com o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados).

A abertura de vagas formais no mês mostra uma recuperação do mercado de trabalho. O resultado ficou acima da expectativa de analistas de mercado, como a XP, que projetava um saldo positivo de 285 mil no mês.

Em janeiro foram criados 261,3 mil novos contratos e em fevereiro, 397,7 mil. Desde março, com a alta no número de casos e de mortes de Covid-19, o resultado foi menor. Foram 176,4 mil novos postos de trabalho em março, seguidos de 116,1 mil em abril, e 276 mil em maio.

Junho seguiu com a tendência de reaquecimento no mercado formal e o número registrado foi o segundo melhor no ano.

No acumulado de janeiro a junho, o saldo no mercado de trabalho formal brasileiro é positivo, com 1,536 milhão de novas vagas num período de crise provocada pela pandemia.

No mesmo período do ano passado, haviam sido fechados 1,198 milhão empregos com carteira assinada, pois, de março a maio de 2020, por exemplo, o impacto da chegada do novo coronavírus resultou no encerramento de mais de 1,2 milhão contratos de trabalho formais.

O ministro Paulo Guedes (Economia) participou da apresentação dos dados e disse que o país registra “um ritmo acelerado de criação de novos empregos”. “Os setores de comércio e de serviços, que foram os mais impactados pela pandemia, são agora os que mais geraram empregos”, ressaltou ele.

Economista da Ativa Investimentos, Guilherme Sousa avaliou o resultado de junho como uma surpresa, já que a expectativa do mercado estava ao redor de 270 mil novas vagas. “Os serviços vêm sendo beneficiados pelo aumento da mobilidade das pessoas, motivado pelo avanço da vacinação e a elevação da confiança das pessoas para voltarem a circular.”

Para Rodolfo Margato, economista da XP, a geração de emprego com carteira assinada continuará apresentando dados sólidos, diante da reabertura da economia e forte demanda interna. “Projetamos criação líquida de 2,18 milhões de empregos formais em 2021”, informou.

Com a recriação do Ministério do Trabalho e Previdência, Guedes perdeu o comando da área. A nova pasta é agora comandada por Onyx Lorenzoni, que não participou da divulgação dos números do Caged por estar em viagem.

Para tentar evitar demissões em massa na crise, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) editou medidas provisórias para que regras trabalhistas fossem flexibilizadas diante do agravamento da pandemia, posteriormente renovadas.

Com isso, foi recriado o programa que permite o corte de jornada e salários de trabalhadores da iniciativa privada, além da suspensão temporária de contratos.

Guedes voltou a prometer o lançamento em breve de um programa para estimular o emprego para jovens e informais.

O plano já mencionado pelo ministro prevê a criação do BIP (Bônus de Inclusão Produtiva) e do BIQ (Bônus de Incentivo à Qualificação), ambos pagos ao trabalhador em treinamento. Com isso, o valor recebido seria de R$ 550 por mês.

O objetivo, segundo Guedes, é criar 2 milhões de vagas. O ministro disse ainda que o programa será bancado com recursos próprios do Orçamento.

Uma versão do programa foi inserida em uma MP (medida provisória) que já tramita no Congresso. No entanto, a proposta, nesse caso, prevê que a fonte de recursos para financiar o programa em 2022 atingiria o Sistema S, o que gerou críticas.

O secretário-executivo do Ministério do Trabalho e Previdência, Bruno Bianco, disse que espera resolver o impasse após negociação com o Sistema S. “Isso certamente será feito num acordo”.

A equipe técnica do Ministério do Trabalho e Previdência já trabalhava com Guedes, na extinta secretaria especial de Previdência e Trabalho. O ministro da Economia disse que eles “vão seguir em excelente companhia com o ministro Onyx”.

Bianco também minimizou o fato de o Dataprev não ter sido transferido para a nova pasta, e continuar como parte da estrutura comandada por Guedes. Segundo o secretário-executivo do Ministério do Trabalho e Previdência, isso não causará problemas de comunicação entre os órgãos.

O saldo de junho (criação de 309,1 mil vagas) reflete o desempenho positivo em todos os cinco grandes setores da economia brasileira. O resultado foi puxado pelo setor de serviços, que abriu 125,7 mil vagas de emprego no mês.

Em seguida figuram comércio (72,8 mil), indústria (50,1 mil novos postos), agropecuária (38 mil vagas abertas) e, por último, construção (22,4 mil).

Especialistas alertam que os dados do Caged precisam ser analisados com ressalvas desde o ano passado, quando houve mudança na metodologia.

Desde janeiro do ano passado, as informações vêm do eSocial, sistema de escrituração que unificou diversas obrigações dos empregadores. Além de reunir mais informações na mesma base de dados, o novo Caged tornou obrigatório informar a admissão e demissão de empregados temporários. Antes, essa comunicação era facultativa.

Numa análise mais detalhada, apenas algumas atividades econômicas apresentaram resultados recordes no ano, como alojamento e alimentação (18,4 mil), que havia sido impactado negativamente pela pandemia, e transporte a armazenagem (12,8 mil).

Entre os estados, todas as 27 unidades da federação registraram abertura de trabalho formal. São Paulo, mais uma vez, foi o estado que mais gerou vagas, com 105,5 mil.

Em junho, o salário médio de admissão formal foi de R$ 1.806,29. Portanto, pouco abaixo do patamar de maio (R$ 1.807,88), e também menor que o de junho do ano passado (R$ 1.852,65). Os dados foram corrigidos pela inflação (IPCA).

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