A economia brasileira gerou 260.353 empregos com carteira assinada em janeiro deste ano, informou nesta terça-feira, 16, o Ministério da Economia. Esse foi o melhor resultado para janeiro de toda a série histórica do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) , que tem início em 1992. Até então, a maior geração de empregos formais, para esse mês, havia sido registrada em 2010 (+181.419 vagas).
O número de janeiro não leva em conta os efeitos das novas medidas de restrição impostas por governadores e prefeitos para evitar o colapso hospitalar com o agravamento da pandemia neste ano.
O resultado decorreu de 1,527 milhão de admissões e 1,266 milhão de demissões. Em janeiro de 2020, houve a abertura de 117.793 vagas com carteira assinada.
O secretário especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia, Bruno Bianco, disse que "o Brasil está gerando empregos e evitando demissões, a economia continua viva e pulsando”. “Tivemos mais um Caged histórico em janeiro, o que ratifica nossas expectativas positivas. O resultado mostra o potencial do mercado de trabalho e o acerto de medidas do governo que adotamos no passado, no presente e continuaremos adotando no futuro para a proteção do emprego dos brasileiros”, completou.
A maior parte do mercado financeiro já esperava um avanço no emprego em janeiro. O desempenho do Caged ficou dentro do intervalo das estimativas de analistas consultados pelo Projeções Broadcast, que eram de abertura de 85.637 a 420 mil vagas a mais que demissões, sendo a estimativa mais comum criação de 179 mil postos.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, que apareceu de surpresa no meio da entrevista coletiva de apresentação dos dados, afirmou que o resultado recorde do Caged indica a retomada da economia brasileira e citou a diferença para outras recessões, em que houve destruição de empregos com carteira assinada. Em 2020, o Produto Interno Bruto (PIB) caiu 4,1%, mas houve saldo positivo no Caged.
O ministro destacou o papel do Programa Emergencial de Manutenção de Emprego e Renda, conhecido como BeM, na preservação de vagas formais e da concessão do auxílio emergencial para proteger os ”invisíveis”. “O BeM foi uma política muito bem formulada, que preservou 11 milhões de empregos, com mais de 20 milhões de contratos. Ao lado do BeM, fizemos o auxílio emergencial para atender os 38 milhões de invisíveis, além dos que estão no Bolsa Família, que perderam o sustento. Protegemos 64 milhões de brasileiros,”, afirmou.
Segundo o secretário de Trabalho do Ministério da Economia, Bruno Dalcolmo, 3,5 milhões de trabalhadores ainda estavam garantidos pelo BEm em janeiro. “Em março, 3 milhões de trabalhadores ainda estão protegidos pela garantia de manutenção de emprego do BEm, e em agosto ainda serão 1,5 milhão de trabalhadores com essa garantia”, completou.
Guedes afirmou que o governo está estudando lançar o “seguro-emprego”, uma nova versão do BEm, que permitiu às empresas redução de jornada e salário ou suspensão de contratos, com o complemento de renda pago pelo governo. “Em vez de esperar alguém ser demitido e pagar R$ 1.100 após a pessoa ser demitida, com a garantia de 5 meses, queremos a garantia de 11 meses, pagamos R$ 500 para a pessoa continuar empregada, em vez de pagar mil para a pessoa ter sido demitida”, disse, sem dar muitos detalhes.
Como mostrou o Estadão, o governo decidiu bancar integralmente os valores do benefício emergencial para trabalhadores que tiverem redução de jornada e salário e suspensão de contrato na nova rodada do programa. O gasto total deve ficar entre R$ 5,8 bilhões e R$ 6,5 bilhões. A estimativa considera que 2,7 milhões a 3,0 milhões de acordos serão firmados entre trabalhadores e empregadores, segundo documento obtido pela reportagem.
O desenho inicial do BEm previa que o governo bancaria com recursos públicos os primeiros dois meses de benefício e os outros dois seriam uma antecipação do seguro-desemprego. No entanto, o governo mudou a estratégia e decidiu bancar integralmente os benefícios de quem tiver jornada e salário reduzido ou contrato suspenso, sem interferir no seguro-desemprego desse trabalhador, que manterá o direito de forma integral caso seja demitido após o fim do acordo.
A ideia é que a redução da jornada e salário ou a suspensão dos contratos dure, no máximo, 4 meses. Os trabalhadores que fecherem acordo em uma das duas modalidades têm a garantia de manutenção no emprego por igual período. No caso, mais 4 meses. Os outros três meses seriam do seguro-desemprego, caso o empregado seja demitido logo depois do período de "estabilidade".
Setores e regiões
O resultado do mercado formal de trabalho em janeiro foi puxado pelo desempenho da indústria geral no mês, com a criação de 90.431 postos formais, seguida pelos serviços, que recuperaram 83.686 vagas.
A construção civil abriu 43.498 vagas, enquanto houve um saldo de 32.986 contratações na agropecuária. No comércio, foram criadas 9.848 vagas no mês.
No primeiro mês do ano, 24 unidades da federação registraram resultado positivo e apenas três tiveram saldo negativo. O melhor resultado foi registrado em São Paulo, com a abertura de 75.203 postos de trabalho. O pior desempenho foi de Alagoas, que ainda assim registrou o fechamento de apenas 198 vagas em janeiro.
O salário médio de admissão nos empregos com carteira assinada passou de R$ 1.740,08, em dezembro para R$ 1.760,14 em janeiro.
O Ministério da Economia revisou o dado fechado do Caged de 2020: o ano terminou com a criação de 112.340 vagas a mais que demissões (o número anterior era de 142.690).