De acordo com levantamento do FortiGuard Labs, laboratório de inteligência e análise de ameaças da Fortinet, o Brasil registrou, em 2022, mais de 103 bilhões de tentativas de ataques cibernéticos, um aumento de 16% na comparação com o ano anterior. Esses números colocam o país como o segundo mais atingido por essas ocorrências na América Latina, ficando atrás apenas do México. Este cenário tem levado mais empresas a buscarem proteção por meio do seguro cyber, o que fez com que o produto registrasse grande aumento em 2022.
Apenas no Norte e Nordeste, o aumento na arrecadação do produto foi de mais de 200% no ano passado, quando comparado ao resultado de 2021. Já a nível Brasil, as seguradoras registraram aumento de 70%. De acordo com Anderson Peixoto, advogado, executivo do setor de seguros e representante do Sindseg N/NE (Sindicato das Seguradoras Norte e Nordeste), o resultado é reflexo da corrida das empresas para protegerem seus dados e de seus clientes.
“Com o advento da pandemia, a sociedade se colocou num lugar ainda mais elevado no aspecto digital. A maioria das transações são feitas pela internet e as instituições tiveram que se adaptar tanto no aspecto de armazenamento quanto, e principalmente, na segurança dos dados coletados. Todavia, por mais bem preparadas que as instituições (públicas ou privadas) estejam quanto à proteção de dados, com a criação de políticas, planos e instalações de ferramentas, é preciso se resguardar contra lacunas ainda não identificadas pelas instituições, mas que podem ser manipuladas por agressores digitais. É aí que entra a importância do seguro cyber”, explica.
Além disso, aponta o advogado, a proteção é uma grande aliada no processo de adequação à LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados). “As empresas devem criar ferramentas internas para mitigar os riscos de exposição de dados, mas sabe-se que os ataques podem acontecer. Sendo identificado um ataque, o seguro atua dando provisão financeira em razão da exposição de dados. Lembremos também que a ANPD (Agência Nacional de Proteção de Dados) aplica multas severas contra empresas identificadas em exposição de dados. Ou seja, quanto mais segurança dermos às nossas operações, melhor. E o seguro cyber é uma proteção necessária numa era amplamente digital”, completa.
O também executivo do setor segurador e representante do Sindseg N/NE, Cefas Rodrigues, reforça o montante das multas e penalidades aplicadas às empresas que violem a LGPD. “Dentre as penalidades administrativas previstas podemos mencionar multa de até 2% do faturamento, com limite de R$ 50 milhões, medidas corretivas, suspensão do banco de dados, eliminação de informações, divulgação da infração, proibição parcial ou total da atividade, entre outras, o que reforça a importância de as empresas estarem respaldadas por um seguro”, explica.
Segundo Rodrigues, o produto pode ser contratado por qualquer empresa que faça gestão e manuseio de dados pessoais, prevendo a violação desses dados, além da proteção dos dados privados e informações corporativas, independente do seu porte ou segmento. “O seguro cyber oferece cobertura para inúmeras situações, porém os ataques de negação de serviço, vazamento de dados e extorsão cibernética estão entre as ameaças e contratação de coberturas mais comuns”, aponta.
Ele ainda completa que “muitos pensam que o alvo desses ataques são grandes corporações, mas a maioria atinge as PME’s, que acabam ficando mais vulneráveis. Reitero a importância da consulta a um corretor de seguros, que poderá analisar e orientar a empresa diante de sua exposição para a contratação de coberturas customizadas conforme as suas necessidades”, finaliza.