Com a reabertura de lojas em algumas regiões brasileiras durante o mês, as vendas do comércio se recuperaram em maio, fechando o mês em alta de 13,9% após queda de 16,3% no mês anterior. Foi o maior crescimento da série histórica da pesquisa, iniciada em janeiro de 2000.
Os dados divulgados nesta quarta (8) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), mostram, porém, que na comparação com maio de 2019, o comércio vendeu 7,2% a menos. No acumulado do ano, o setor recua 3,9%, com os efeitos da pandemia em março e abril.
“As vendas cresceram de abril para maio, mas o movimento não foi suficiente para rebater todos os efeitos da pandemia”, disse o gerente da pesquisa, Cristiano Santos. "Essa variação abrupta para cima não transforma o dado de maio em um dado positivo."
No comércio varejista ampliado, que inclui vendas de veículos, motos, partes e peças e material de construção, o volume de vendas cresceu 19,6% em relação a abril, informou o IBGE.
Houve alta em todos os ramos pesquisados pelo IBGE. Um dos setores mais afetados pela pandemia, o comércio de vestuário e calçados dobrou as vendas em maio, na comparação com abril. Móveis e eletrodomésticos (47,5%) e Outros artigos de uso pessoal e doméstico (45,2%) também registraram altas expressivas.
Na comparação com o ano anterior, porém, apenas hiper e supermercados venderam mais (4,7%). As vendas de vestuário, por exemplo, caíram 62,5%. Materiais de escritório caíram 38,2% e combustíveis e lubrificantes, 21,5%.
No acumulado do ano, apenas os setores considerados essenciais, supermercados e farmácias, registram alta nas vendas, de 5,2% e 2,9%, respectivamente.
Santos diz que os dados interanuais ou do acumulado do ano mostram que os efeitos da pandemia ainda não passaram, mas indicam que o pior já passou para o comércio. "Para o comércio, o pior mês foi abril. Até maio, dá para dizer que o pior já passou."
De acordo com o IBGE, a pesquisa aponta perda de ritmo dos impactos do isolamento social no comércio. Entre as empresas pesquisadas, 18,1% relataram impacto em suas receitas em maio. Em abril, esse número era 28,1%, o maior percentual desde o início da pandemia.
As vendas do comércio cresceram em todas as unidades da federação, com destaque para com destaque para: Rondônia (36,8%), Paraná (20,0%) e Goiás (19,4%), que tiveram reabertura do comércio de rua no mês.
Além da abertura das lojas, o gerente do IBGE citou a antecipação de 13º para servidores como um dos possíveis efeitos da ampliação das vendas.
A expectativa do mercado é que o desempenho seja melhor em junho, após a reabertura das lojas no Rio e em São Paulo, as duas maiores cidades do país. Por outro lado, há locais que reabriram antes já reveem a decisão diante do aumento no número de casos.
Na semana passada, o IBGE informou que a produção industrial também esboçou recuperação no mês, com alta de 7% em relação a abril, desempenho impulsionado pela reabertura de montadoras de veículos.
Ainda assim, o setor ainda está longe de retomar a queda acumulada de 26,3% desde o início da pandemia.