Pelo menos seis em cada dez brasileiros costumam utilizar smartphones para fins profissionais mesmo fora do horário de trabalho. Por outro lado, mais de 70% resolvem questões pessoais através do aparelho durante o expediente.
A conclusão é de estudo conduzido pela Deloitte em 22 países; no Brasil foram ouvidos duas mil pessoas. Destas, 33% afirmam que “muito frequentemente” trabalham de forma remota a partir do smartphone. Para outros 30%, a prática é frequente.
Sócia-líder da indústria de tecnologia, mídia e telecomunicações na consultoria, Marcia Ogawa classificou a postura como uma “simbiose”. De acordo com ela, a tendência – que ainda deve crescer – guarda tanto aspectos positivos quanto negativos.
“Muitas empresas estão fazendo movimento de fazer com que profissionais possam usar celulares [durante o expediente] para efeitos de aumento de produtividade ou para dar maior flexibilidade ao trabalhador”, avaliou.
A prática, contudo, pode gerar um ambiente de distração indesejado: segundo a Deloitte, os brasileiros que “muito frequentemente” usam o smartphone para fins pessoais durante o trabalho bateu 39%. Outros 37% declararam fazer o mesmo com frequência. Já 43% admitem se distrair das funções profissionais por conta da utilização do aparelho.
Tal postura entre os brasileiros ainda aponta para o uso excessivo dos dispositivos móveis – que, segundo a Deloitte, preocupa os próprios usuários. Entre as mulheres, 55% acreditam utilizar o smartphone em excesso, frente 44% entre os homens. No caso da faixa etária entre 18 e 24 anos, 60% fazem o mesmo diagnóstico.
“O uso intensivo do celular ainda vai ser potencializado com a chegada do 5G”, pontuou Marcia Ogawa. “Esse é um caminho sem volta”.
Aparelhos
De acordo com a Deloitte, o smartphone é “de longe” o aparelho mais utilizado no País. Em 2018, a penetração do device atingiu 92% (alta anual de cinco pontos percentuais). Em seguida surgem os notebooks (70%) e computadores de mesa (64%).
No caso das smart TVs, a penetração também atingiu 64% em 2018; em 2015, apenas 28% contavam com o aparelho. A pesquisa da Deloitte ainda apontou para um crescimento na popularidade das soluções domésticas de internet das coisas (IoT).
“Estamos percebendo o IoT entrando nas casas. [Produtos como] sistemas de vigilância conectados não eram tão evidentes no Brasil, mas estão começando a ficar”, analisou Marcia Ogawa. Entre os respondentes da Deloitte, 14% afirmaram possuir a tecnologia, ante 11% um ano atrás.
O mesmo salto foi registrado entre aparelhos domésticos inteligentes (de 11% para 14%) e sistemas de iluminação conectados (5% para 7%). No caso dos tesmostatos, não foi constatado aumento no uso.
Aplicativos
Entre os apps, o campeão de popularidade no País foi o polêmico WhatsApp: 80% dos brasileiros afirmaram acessar a ferramenta de mensageria pelo menos uma vez por hora. Em seguida veio o Facebook, com 52% reportando tal frequência.
Em 2018, os aplicativos que registraram queda na frequência de uso foram o Facebook Messenger (-2 pontos percentuais), o Skype (-1 p.p.) e o Snap (-1 p.p.). Do outro lado, o Instagram ganhou nove pontos percentuais em popularidade, segundo a Deloitte. O salto foi impulsionado pelo sucesso da ferramenta Stories.