Em meio à briga por clientes no sistema financeiro, os consumidores trocaram 4,4 milhões de chaves Pix (sistema brasileiro de pagamento instantâneo) de uma instituição para outra, segundo balanço divulgado pelo Banco Central nesta terça-feira (24).
O levantamento da autoridade monetária considera portabilidades feitas desde o início do período de cadastramento das chaves, em 5 de outubro, até domingo (22).
A Folha mostrou que bancos e fintechs —instituições financeiras ligadas à tecnologia e inovação— estão disputando as informações de clientes em cadastros de chaves Pix. Para atrair os usuários, algumas chegam a oferecer brindes e cupons para concorrer a até R$ 1 milhão.
"Vemos esse movimento de portabilidade como muito natural do início de operações do Pix, várias pessoas se cadastraram sem ter certeza de qual instituição gostariam de manter esse cadastro, mas não dá para afirmar categoricamente a que se deve cada portabilidade", afirmou o chefe-adjunto do departamento de competição e de estrutura do mercado financeiro, Carlos Eduardo Brandt.
A disputa ocorre porque há um limite de cinco chaves que podem ser cadastradas por pessoa. Empresas podem fazer até 20. Se um cliente inserir o CPF em um banco, a chave se torna exclusiva da instituição, e ele não poderá utilizá-la para receber transferências por outro banco, no caso de ter mais de uma conta.
O usuário pode pedir portabilidade a qualquer momento, caso abra conta em outro banco ou decida gerenciar suas chaves entre os bancos com os quais já tem relacionamento.
No cadastro da chave, o cliente vincula ao número do celular, CPF ou ao endereço de e-mail, por exemplo, às informações pessoais e bancárias dele. Ele pode escolher também uma chave aleatória, que pode ser uma sequência qualquer de números e letras.
Na prática, quem fizer o cadastramento das chaves não vai precisar informar todos os seus dados na hora de transferir dinheiro ou pagar conta pelo Pix, ela precisará apenas falar a chave cadastrada (CPF, e-mail ou número de celular, por exemplo).
Ao todo, foram cadastradas 83,4 milhões de chaves. A preferência do usuário é pelo CPF, com 29 milhões, seguida de celular, com 19 milhões e chave aleatória, com 18 milhões. 13 milhões cadastraram o e-mail e 1,8 milhão usaram o CNPJ.
Desde a estreia da nova ferramenta, em 16 de novembro, foram feitas 12,2 milhões de operações, o equivalente a R$ 9,3 bilhões. São 735 instituições cadastradas no novo sistema.