O número de desempregados saltou 36% em seis meses e atingiu 13,8 milhões de pessoas em outubro, segundo dados da Pnad Covid, divulgada nesta terça-feira pelo IBGE. Em maio, quando teve início a pesquisa, eram 10,1 milhões.
Com isso, a taxa de desemprego ficou em 14,1% em outubro, a maior da série, iniciada em maio. Naquele mês, o índice estava em 10,7%.
As mulheres e os pretos e pardos são os que mais sentem o desemprego. Segundo a pesquisa, a taxa de desocupação durante a pandemia foi de 17,1% entre as mulheres, contra 11,7% dos homens. Já no caso dos pretos e pardos, a taxa é de 16,2%. Dos brancos, 11,5%.
— Os mais atingidos na pandemia entre a população desocupada continuam a ser os mais vulneráveis — afirma a coordenadora da pesquisa, Maria Lúcia Vieira.
Entre os fatores que contribuem para a alta do desemprego está a flexibilização do isolamento. Nos primeiros meses da pandemia, muitos brasileiros não saíam de casa em busca de uma vaga, seja por medo da doença ou por acreditarem que não encontrariam.
Na metodologia do IBGE, é considerado desempregado quem procura uma oportunidade de trabalho e não encontra.
— O aumento por busca de trabalho é um movimento natural nesse segundo semestre. A questão é quando a economia vai bem, essa mão de obra é absorvida. O que vemos é que aumenta a procura, mas o mercado não absorve, o que eleva esta taxa total de desocupação — explica Maria Lúcia.
Embora a taxa de desocupação esteja alta e o mercado não consiga absorver a demanda, ainda assim a população ocupada aumentou para 84,1 milhões, 1,2 milhão a mais do que setembro, mas ainda abaixo do registrado em maio, de 84,404 milhões.
Os ocupados incluem tanto empregos com carteira assinada como os informais, um dos grupos que mais sentiram no bolso o fechamento do comércio e restrições de serviços. A informalidade registrou taxa de 34,5% em outubro, um total de 29 milhões trabalhadores.
Segundo o pesquisador do Ipea, Sandro Sacchet, isso acontece porque a recuperação do mercado de trabalho é mais lenta que no restante da economia.
— As duas taxas, de descoupação e de ocupação, aumentaram porque há mais pessoas procurando emprego. Só que algumas conseguiram ser contratadas, outras ainda não. Esse processo vai aumentar com o fim do auxílio — analisa Sacchet.
Para o economista da LCA Consultores, Bruno Imaizumi, a alta na ocupação em outubro foi influenciada pelo setor de serviços, uma vez que, com a abertura de lugares públicos, aumentou o número de pessoas circulando nas ruas e a demanda por mão de obra.
Ele ainda chama a atenção para a situação nas regiões Norte e Nordeste, que tiveram os piores índices de desemprego. Das 27 Unidades da Federação, incluindo o Distrito Federal, 13 estados registraram taxa de desemprego superior à média nacional, sendo a maior no Maranhão (19,9%).
Considerando as regiões, de maio a outubro, a taxa de desemprego no Nordeste foi de 17,3% e no Norte, de 15,1%. No Sudeste e Centro-Oeste mantiveram-se estáveis, e no Sul caiu de 9,8% para 9,4% de setembro para outubro.
— A qualidade do emprego no Norte e Nordeste já é muito ruim, historicamente, mas na pandemia está pior. A alta informalidade afeta, assim como a falta de vagas e o fato de ter mais pessoas procurando emprego para compor a renda depois que o auxílio emergencial caiu pela metade.
Os dados da Pnad Covid divulgados hoje não são comparáveis aos da Pand contínua, divulgada na semana passada e que tem informações trimestrais. Pelos cálculos da Pnad Contínua, a taxa de desemprego atingiu 14,6% no trimestre encerrado em setembro, a mais alta desde o início da série desta pesquisa, em 2012.
A Pnad Covid também traz informações sobre testagem e sintomas da doença. Até outubro, 25,7 milhões de pessoas fizeram algum exame para testar COVID19 (12,1%), sendo que destes, 2,7% testaram positivo. Já em setembro, foram 21. 947 (10,4%) e em 2,3% apontaram a doença.